Leituras literárias: escritas e diálogos intermidiáticos

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Plano de aula - 7º ano do Ensino Fundamental - E.E.E.M.Felipe Marx. Acadêmicas: Daiane Ramos, Ellen M C P Raimundo e Kelly C Alves



Data: 22/05
Carga horária: 2h/aula
Conteúdo: Leitura e interpretação de texto
Objetivo: Exercitar a interpretação por meio de leitura de texto a fim de melhorar sua capacidade interpretativa e de análise textual.

Metodologia

Dinâmica de apresentação: Cada aluno receberá a imagem de um trem, com três vagões. Será colocado o som de um trem em movimento. Na primeira vez que o trem parar, os alunos terão que escrever, no primeiro vagão, o seu nome. Na segunda parada do trem, os alunos escreverão, no segundo vagão, o nome de uma pessoa muito importante em sua vida. Na última parada do trem, os alunos escreverão, no terceiro vagão, um sonho, o que eles querem ser no futuro. Ao final, cada aluno compartilhará o que escreveu dentro do seu trem.
·         Motivação: Colocar para os alunos o vídeo da música 11 vidas, Lucas Lucco.

Pré-leitura: Fazer alguns questionamentos aos alunos sobre o vídeo assistido, preparando-os para o texto.
Você gostou do vídeo?
 A música fala sobre o amor entre pai e filho, sobre o quanto essa relação é importante. Você considera importante ter uma boa relação familiar?
Existe alguém em sua família por quem você daria a vida?

·         Leitura e descoberta: Fazer a leitura coletiva do poema Antiguidades, de Cora Coralina. Em seguida, os alunos responderão questões de interpretação e gramática sobre o texto.

ANTIGUIDADES - Cora Coralina


Quando eu era menina
bem pequena, 
em nossa casa,
certos dias da semana
se fazia um bolo,
assado na panela
com um testo de borralho em cima.
Era um bolo econômico,
como tudo, antigamente.
Pesado, grosso, pastoso.
(Por sinal que muito ruim.)
Eu era menina em crescimento.
Gulosa,
abria os olhos para aquele bolo
que me parecia tão bom
e tão gostoso.
A gente mandona lá de casa
cortava aquele bolo
com importância.
Com atenção.
Seriamente.
Eu presente.
Com vontade de comer o bolo todo.
Era só olhos e boca e desejo
daquele bolo inteiro.

Minha irmã mais velha
governava. Regrava.
Me dava uma fatia,
tão fina, tão delgada...
E fatias iguais às outras manas.
E que ninguém pedisse mais!
E o bolo inteiro,
quase intangível,
se guardava bem guardado,
com cuidado,
num armário, alto, fechado,
impossível.
Era aquilo uma coisa de respeito.
Não pra ser comido
assim, sem mais nem menos.
Destinava-se às visitas da noite,
certas ou imprevistas.
Detestadas da meninada.
Criança, no meu tempo de criança,
não valia mesmo nada.
A gente grande da casa
usava e abusava
de pretensos direitos
de educação.
Por dá-cá-aquela-palha,
ralhos e beliscão.
Palmatória e chineladas
não faltavam.
Quando não,
sentada no canto de castigo
fazendo trancinhas,
amarrando abrolhos.
"Tomando propósito"
Expressão muito corrente e pedagógica.
Aquela gente antiga,
passadiça, era assim:
severa, ralhadeira.
Não poupava as crianças.
Mas, as visitas...
- Valha-me Deus!...
As visitas...
Como eram queridas,
recebidas, estimadas,
conceituadas, agradadas!
Era gente superenjoada.
Solene, empertigada.
De velhas conversas
que davam sono.
Antiguidades...
Até os nomes, que não se percam:
D. Aninha com Seu Quinquim.
D. Milécia, sempre às voltas
com receitas de bolo, assuntos
de licores e pudins.
D. Benedita com sua filha Lili.
D. Benedita - alta, magrinha.
Lili - baixota, gordinha.
Puxava de uma perna e fazia crochê.
E, diziam dela línguas viperinas:
“- Lili é a bengala de D. Benedita”.
Mestre Quina, D. Luisalves,
Saninha de Bili, Sá Mônica.
Gente do Cônego Padre Pio.
D. Joaquina Amâncio...
Dessa então me lembro bem.
Era amiga do peito de minha bisavó.
Aparecia em nossa casa
quando o relógio dos frades
tinha já marcado 9 horas
e a corneta do quartel, tocado silêncio.
E só se ia quando o galo cantava.
O pessoal da casa,
como era de bom-tom,
se revezava fazendo sala.
Rendidos de sono, davam o fora.
No fim, só ficava mesmo, firme,
minha bisavó.
D. Joaquina era uma velha
grossa, rombuda, aparatosa.
Esquisita.
Demorona.
Cega de um olho.
Gostava de flores e de vestido novo.
Tinha seu dinheiro de contado.
Grossas contas de ouro
no pescoço.
Anéis pelos dedos.
Bichas nas orelhas.
Pitava na palha.
Cheirava rapé.
E era de Paracatu.
O sobrinho que a acompanhava,
enquanto a tia conversava
contando “causos” infindáveis,
dormia estirado
no banco da varanda.
Eu fazia força de ficar acordada
esperando a descida certa
do bolo
encerrado no armário alto.
E quando este aparecia,
vencida pelo sono já dormia.

E sonhava com o imenso armário
cheio de grandes bolos
ao meu alcance.
De manhã cedo
quando acordava,
estremunhada,
com a boca amarga,
- ai de mim -
via com tristeza,
sobre a mesa:
xícaras sujas de café,
pontas queimadas de cigarro.
O prato vazio, onde esteve o bolo,
e um cheiro enjoado de rapé. 


 Atividade proposta:
1.      Quais são as pessoas da família do eu lírico citadas no poema? Como elas são lembradas?
2.      Liste 5 substantivos que dão nomes para pessoas no texto.
3.      A partir dos 5 substantivos listados na questão 2, responda:
a)      Esses substantivos são classificados como comuns ou próprios? Por quê?
b)      Pelos nomes listados, a situação retratada no poema passa-se no presente ou no passado? Por quê?
4.      Você acredita que a personagem principal gostava ou não da presença das visitas na casa? Por quê?
5.      Ao longo de todo o poema, a personagem expressa o enorme desejo que tinha de comer o bolo que estava guardado no alto do armário. Pela descrição feita do bolo, podemos concluir que ele era gostoso? Comente:
6.      Observe a última estrofe do poema. O que acontece pela manhã?
7.      O poema cita alguns castigos que os adultos de antigamente aplicavam nas crianças. Que castigos eram esses? Atualmente, os pais ainda corrigem os filhos da mesma forma?

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