Leituras literárias: escritas e diálogos intermidiáticos

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Abordagem do conto "Casal de velhos" - por Elemar e Janaína

COLÉGIO MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL THEÓPHILO SAUER

Planejamento: Trabalho com o Conto Casal de velhos, de Edson Gabriel Garcia.
1. Objetivos:  Trabalhar o gênero conto de terror.
2. Conteúdos: Conto:. Interpretação do texto.
3. Tempo:2 períodos
4. Recursos: Texto xerocado e a introdução da atividade textual aos alunos. Quebra-cabeças com imagens;
5. Procedimento:
- Atividade de motivação;
- Leitura individual do conto;
- Distribuição dos textos aos alunos;
- Interpretação do conto;
-Produção de marca-texto
6. Avaliação:

Avaliação será dada a partir das produções e da participação do aluno.

Atividade de motivação:
1) Preparar uma sala ambiente,com velas e a sala escura.
2) Apresentar a turma quatro quebras cabeças com imagens que representam o conto e questionar os alunos quanto a uma história com aquelas imagens.
.3)Questionar os alunos quanto aos idosos, como são seus avós, ou algum conhecido mais idoso.

Atividade de pré-leitura
1) Você já ouviu alguma história ou assistiu a algum filme de terror?
2) Você gosta de história de terror?
3) Você sente medo quando alguém conta uma história de terror?
4) Você já ouviu falar de alguma história de idosos? Especialmente de terror?
5) Você vivenciou alguma coisa aterrorizante que o deixou com medo?

CASAL DE VELHOS
        O céu estava escurecendo rapidamente, fechado, com nuvens escuras, quase pretas, anunciando uma tempestade de trovões, relâmpagos e água pesada. Manezinho apressou o passo na estrada deserta meio sem saber o que fazer. Tinha pegado uma carona ate o trevo e agora caminhava em direção à cidade que se escondia do lado de lá da pequena montanha. Quase uma hora de caminhada e via apenas a estradinha se espichando, em direção ao monte de terra. Tomaria chuva, com certeza. No máximo, tentaria se esconder de baixo de uma daquelas arvorezinhas raquíticas que margeavam o caminho. A escuridão aumentou ainda mais, fazendo com que aquele homem danado de corajoso, tivesse medo do temporal e do aguaceiro que estavam para vir. Pensou em correr um pouco, mas desistiu, achando que nada adiantaria. Olhou para cima, como que buscando explicação, e resmungou: “Que venha água, que eu não tenho medo!”
Mal acabara de resmungar, avistou uma casinha branca e suja, na beira da estrada quase sem vegetação. Manezinho levou um susto que o fez arrepiar: até bem pouco tempo atrás, algumas dezenas de passos antes, a casinha não estava ali. Ou estava vendo uma miragem ou o medo da tempestade era real e não o estava deixando ver nada a sua frente. De qualquer forma, após a primeira impressão de estranhamento, apressou-se em bater à porta e pedir guarida, antes que a natureza o castigasse:
_Ò de casa!
Silêncio.
_Ó de casa! Tem gente ai?
Ouviu um ruído de ferro rangendo e a porta de madeira se abriu. Um rosto velho, cheio de rugas, mas simpático, apareceu com um sorriso acolhedor. Manezinho se explicou à velha senhora: _Vem chuva brava aí, minha senhora. Ainda estou longe da cidade... a velha olhava ternamente para Manezinho. __... se a senhora não se importar... _Claro que não, meu filho. Entre. A casa é pobre, mas dá para receber mais um. _Obrigado! Assim que a chuva passar, eu vou embora. _ Não precisa ter pressa. A casa é de pobre, mas cabe mais um. Entre.
Manezinho entrou. A casa era pobre mesmo. Na verdade, era estranha, mais estranha do que pobre: o cômodo em que se encontrava era grande, escuro, com luz de velas e três cadeiras apenas; havia um outro cômodo, mas estava fechado. Numa das cadeiras estava sentado o outro habitante da casa, um velho não menos simpático:
_Fique à vontade disse, levando para cumprimentá-lo com uma enorme mão fria sente-se. Manezinho sentou-se. os velhos também se sentaram. Pareciam tristes, mas queriam conversar.
_O senhor vem de longe? Manezinho contou alguns pedaços de sua história. _ Não tenho lugar de onde venho. Faz três ou quatro anos que não tenho lugar fixo. Sou do mundo... Andando aqui e ali... Para um pouco em cada lugar, trabalho, ganho algum dinheiro e torno a seguir caminho.

Um cheiro forte de velas tomava conta do cômodo e da história. _ Você não tem família? Manezinho não soube quem perguntou, se o velho ou a velha. Teve a impressão de que a voz não viera de nenhum dos dois. Que viera de algum outro lugar, tamanha era a quietude silenciosa do casal de velhos. _ Não tenho. Já tive um dia! Tive duas. _ Duas? _ É. Uma família onde eu nasci e outra que me criou desde pequeno. Depois que eu cresci e aprendi uma profissão, resolvi correr o mundo à procura de meus pais verdadeiros.
_ E ainda não encontrou seus pais verdadeiros?
Manezinho entendeu que a pergunta tinha vindo da velha senhora. A fraca luz das velas e o escuro do cômodo davam-lhe a impressão de que ela era transparente, algo nebuloso, sem consistência. Achou que fosse maluquice seu efeito do cansaço e medo da tempestade. Olhou mais fixamente para ela e respondeu:
_ Não. Acho que nem vou encontrar. Mas gostaria muito de encontrá-los e dizer que gosto muito deles, mesmo tendo sido criado por outras pessoas. Eu tenho uma fotografia deles me carregando no colo. Está muito gasta e estragada. Mas é a única pista que tenho para procurá-los. Quem sabe, um dia... _Nós também passamos boa parte da vida procurando o único filho que tivemos... Manezinho teve a impressão de que fora o velhinho o dono da fala. Continuou a conversa dirgindo-se a ele: _ _Procurando...? _ O destino tirou nosso filho. Eu não gostaria de morrer sem ver nosso filho. Um silêncio mortal, regado a cheiro de vela, barulho de chuva, trovões e relâmpagos, interrompeu momentaneamente a conversa. _ Vou fazer uma sopa. O senhor aceita tomar um prato conosco? _ Aceito, claro. A velha senhora foi ao outro cômodo, que estava fechado, e no mesmo instante voltou com dois pratos de sopa. Ofereceu um ao velho e o outro a Manezinho. Voltou, buscou outro para si e veio sentar-se junto deles. _ É uma sopa pobre, mas é a mesma que ofereceríamos ao nosso filho se o encontrássemos. Manezinho tomou a sopa mais por gentileza. Não tinha gosto algum o liquido que ele levava a boca. Depois continuaram a conversa, devagar, com intervalos de silencio, mas sem parar. Havia nos velho algo de extremamente simpático e familiar, algo que, apesar das estranhezas da casa e do comportamento dele, cativava Manezinho.
_ Acho que seria a minha maior alegria reencontrar meus pais.
_ Também seria a nossa grande alegria rever o filho que o destino levou...
A conversa arrastou-se por mais tempo. Manezinho, às vezes, tinha a impressão de que conversava sozinho, tamanha era a quietude do casal de velhos. Foi assim até que sentiu sono. A tempestade tinha passado e ele decidiu que podia continuar a caminhada. Mas a gentileza dos velhinhos segurou-o mais tempo, dessa vez para dormir.
_ Não se vá. Está escuro e a cidade fica longe. Durma aqui e amanhã você seguirá caminho. Não tem cama, mas você pode se ajeitar num canto qualquer.
Ele agradeceu e aceitou. Encostou-se num canto do cômodo, esticou o corpo no chão frio, apoiou a cabeça na mala de lona que trazia consigo e dormiu. Dormiu cansado, ainda com fome, com frio e uma esquisita sensação de não estar entendendo direito sua presença naquela casa e a conversa com o casal de velhos. Dormiu mal, uma noite cheia de sonhos estranhos, pesados e incompreensíveis.
Acordou da noite mal dormida com a luz forte do sol filtrada pelo grosso vidro da porta da casa. Ainda cansado pela noite de sono ruim, correu lentamente os olhos pelos espaços da casa. Procurando primeiro a presença dos velhos e depois os objetos conhecidos. Não encontrou nem uma coisa nem outra. Não havia barulho de pessoas só silencio. Não havia sinais de vida. Só três cadeiras escuras encostadas à parede e quatro cavaletes de ferro cromado. Na frente dos cavaletes, como se fosse um altar, enormes castiçais com grandes velas brancas pareciam arrumados para alguma cerimônia. Ele deu um pulo, o coração batendo desesperado, quase à boca, e correu para a porta, abrindo-a imediatamente.
Não fosse Manezinho quem era uma pessoa acostumada às surpresas, as mudanças, aos reveses da vida, teriam sucumbido ante o susto que levou quando percebeu onde estava: acabara de passar a noite na capela do cemitério da cidade. Saiu disparado em direção ao portão. No caminho encontrou uma pessoa, provavelmente o coveiro, cavando duas covas. Parou afobado junto ao homem e perguntou-lhe:
_ O senhor pode me dizer se há por aqui uma pequena casa habitada por um simpático casal de velhos?
O coveiro ergueu o corpo, descansou a pá suja de terra e respondeu:
_ Não moço. No caminho da cidade só tem mesmo o cemitério. Agora...o casal de velhos simpáticos de que o senhor está falando pode ser o que morreu esta noite. São dois velhos que moram perto da escola. Eles morreram, depois da chuvarada. Essas covas são para eles...
Um arrepio profundo quase revirou o corpo de Manezinho. Lembrou-se da conversa, do cheiro de vela...
_ Onde o senhor disse que eles moram?
_ Moravam, moço. Agora já morreram.
_ Perto da escola. Todo mundo sabe, é só perguntar.
Manezinho disparou pela estrada. Estava um pouco longe, mas a carreira foi tão aflita e desesperada que num instante a cidade chegou perto dele. Mais um instante e descobriu a casa do casal de velhos. Sentiu que estava perto, bem perto de alguma explicação. O cheiro de velas da noite anterior voltou aos seus sentidos quando entrou na pequena sala onde estavam, lado a lado, os dois caixões de madeira com os corpos. Aproximou-se, devagar, e viu os rostos do simpático casal com quem passara a noite anterior. O estÔmago vazio resmungou em coro com o coração acelerado. Ali estavam seus dois companheiros de conversa! Mas faltava alguma coisa ainda. Faltava uma explicação. Por que ele? Por que ele? Por mais que procurasse entender o episodio da noite passada no cemitério, não conseguia encontrar explicações.

Ficou muito tempo de pé, parado em frente aos corpos em meio à curiosidade das pessoas que ali estavam. Alguém lembrou-se de convidá-lo a sentar-se. Manezinho agradeceu e sentou-se. Os olhos começaram a correr a parede, mecanicamente, procurando aqui e ali os detalhes que estavam escapando de sua compreensão. E foi assim, nessa procura, recolhendo pedaços de lembrança, que reparou em uma moldura desbotada presa a parede.
“Não é possível! Não é possível”
Apanhou sua carteira e, atrapalhado, remexendo papeis e cédulas velhas de dinheiro, pegou uma pequena fotografia. Nela, um casal abraçava carinhosamente uma criança de cerca de três anos, era a foto dele com seus pais verdadeiros, primeira e única foto, relíquia guardada por anos e anos.
Manezinho levantou-se, trêmulo, e se aproximou da foto maior da parede. Somente a mesma foto.
A cidade toda ouviu o grito de Manezinho.


INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1 –  Em qual das seguintes opções enquadra-se o narrador do texto “O Casal de velhos”? Comprove sua escolha com um trecho do texto.
a – Narrador personagem: aquele que narra a história e participa dela.
b – Narrador observador: aquele que narra a historia, mas não participa como personagem.
2 – O período durante o qual transcorrem os fatos da narrativa é chamado tempo da narrativa. Qual é o tempo da narrativa que vocẽ leu?
3 – O espaço, ou seja, o lugar onde se sucedem os acontecimentos narrados, desempenha um papel importante nessa narrativa. Explique essa afirmação.
4 – O autor, durante a narrativa, vai nos dando pistas de que se trata de um história sobrenatural. Identifique um trecho que comprove essa afirmação.
5- De que maneira o autor constrói o clima da narrativa?
6 – Releia. “UM CHEIRO FORTE DE VELAS TOMAVA CONTA DO CÔMODO E DA HISTÒRIA”. Explique o que você compreende desse trecho.
7 – Qual é o momento de maior intensidade dentro do texto?
8 – Se a historia tivesse ocorrido num dia claro e ensolarado, o clima nela presente seria o mesmo? Justifique sua resposta.
9 – Para você, o encontro com o casal de velhos pode ter sido um sonho para Manezinho? Por quê?
10 – Qual desses termos expressa melhor o que o personagem sentiu ao perceber que o casal de velhos eram seus pais? Explique sua resposta.
Medo – receio – pavor – temor.
11- O final da narrativa correspondeu as suas expectativas ou você imaginou que a história fosse terminar bem diferente? Comente sua resposta.
12 – Você se sentiu envolvido pela história? Comente sua resposta.
13- Ilustre os ambientes da história.

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