Leituras literárias: escritas e diálogos intermidiáticos

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Plano do dia 25/04/2016 - E. E. Felipe Marx - Acadêmicas: Ana Claudia Nascimento e Suzana Souza.

Série: 3º ano do Ensino Médio
Carga horária: Dois períodos.
Assunto: Argumentação.

Objetivos:
  • Observar as características da carta argumentativa e da resenha;
  • Posicionar-se, argumentando de forma escrita e oral sobre o tema abordado.

Metodologia:
  • Aula expositiva;
  • Construção de conceitos com a turma.
Recursos:
  • Fotocópias.

Motivação:
A motivação para esta aula será o breve comentário sobre a polêmica construída em torno de uma reportagem veiculada na revista Veja sobre a vice-primeira-dama Marcela Temer. Acessado no site: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/bela-recatada-e-do-lar, em 22 de abril de 2016.
Serão entregues duas reportagens. A primeira da revista Veja. A segunda, retirada de outro site, contendo um posicionamento muito diferente do que é apresentado na “Bela, recatada e do lar.”


Descrição das atividades:
Inicialmente, serão apresentadas as novas pibidianas do grupo. Em seguida, deverá ser questionado se a turma já tem leitura obrigatória agendada para as próximas semanas. Tal questionamento dará a possibilidade de trabalhar a argumentação sobre obras literárias também.
Então, será indagadoo se ouviram, viram ou leram algo sobre a polêmica reportagem intitulada de “Bela, recatada e do lar” em algum site ou na própria revista onde foi impressa. Os comentários e respostas serão ouvidas e após, será lançada a proposta de atividade:
  1. Ler a reportagem mencionada.
  2. Ler outra reportagem, cujo ponto de vista é extremamente contrário ao que é expresso na primeira.
  3. A turma será desafiada a redigir uma carta argumentativa, expondo argumentos para fundamentar a sua opinião e preferência por um ponto de vista.
  4. Se houver tempo, serão lidas algumas cartas durante a aula.

Avaliação:
Serão avaliadas participação crítica da turma, o seu envolvimento para com a proposta e, por fim, a produção escrita.


    REPORTAGEM 1:
“A quase primeira-dama, 43 anos mais jovem que o marido, aparece pouco, gosta de vestidos na altura dos joelhos e sonha em ter mais um filho com o vice.”

Por Juliana 18/04/2016 às 19:14 - Atualizado em 18/04/2016 às 19:14 

Marcela Temer é uma mulher de sorte. Michel Temer, seu marido há treze anos, continua a lhe dar provas de que a paixão não arrefeceu com o tempo nem com a convulsão política que vive o país - e em cujo epicentro ele mesmo se encontra. Há cerca de oito meses, por exemplo, o vice-presidente, de 75 anos, levou Marcela, de 32, para jantar na sala especial do sofisticado, caro e badalado restaurante Antiquarius, em São Paulo. Blindada nas paredes, no teto e no chão para ser à prova de som e garantir os segredos dos muitos políticos que costumam reunir-se no local, a sala tem capacidade para acomodar trinta pessoas, mas foi esvaziada para receber apenas "Mar" e "Mi", como são chamados em família. Lá, protegido por quatro seguranças (um na cozinha, um no toalete, um na entrada da sala e outro no salão principal do restaurante), o casal desfrutou algumas horas de jantar romântico sob um céu estrelado, graças ao teto retrátil do ambiente. Marcela se casou com Temer quando tinha 20 anos. O vice, então com 62, estava no quinto mandato como deputado federal e foi seu primeiro namorado.
Michelzinho, de 7 anos, cabelo tigelinha e uma bela janela no lugar que abrigará seus incisivos centrais, é o único filho do casal (Temer tem outros quatro de relacionamentos anteriores). No fim do ano passado, Marcela pensou que esperava o segundo filho, mas foi um alarme falso. "No final, eles acharam que não teria sido mesmo um bom momento para ela engravidar, dada a confusão no país", conta tia Nina, irmã da mãe de Marcela. Ela se refez do sobressalto, mas não se resignou - ainda quer ter uma menininha. No Carnaval, Marcela planejou uns dias de sol e praia só com o marido e o filho e foi para a Riviera de São Lourenço, no Litoral Norte de São Paulo. Temer iria depois, mas, nos dias seguintes, o plano foi a pique: o vice ligou, dizendo que estava receoso de expor a família, devido aos ânimos acirrados no país. Pegou Marcela, Michelzinho, e todo mundo voltou para casa.
Bacharel em direito sem nunca ter exercido a profissão, Marcela comporta em seu curriculum vitae um curto período de trabalho como recepcionista e dois concursos de miss no interior de São Paulo (representando Campinas e Paulínia, esta sua cidade natal). Em ambos, ficou em segundo lugar. Marcela é uma vice-primeira-dama do lar. Seus dias consistem em levar e trazer Michelzinho da escola, cuidar da casa, em São Paulo, e um pouco dela mesma também (nas últimas três semanas, foi duas vezes à dermatologista tratar da pele).
Por algum tempo, frequentou o salão de beleza do cabeleireiro Marco Antonio de Biaggi, famoso pela clientela estrelada. Pedia luzes bem fininhas e era "educadíssima", lembra o cabeleireiro. "Assim como faz a Athina Onassis quando vem ao meu salão, ela deixava os seguranças do lado de fora", informa Biaggi. Na opinião do cabeleireiro, Marcela "tem tudo para se tornar a nossa Grace Kelly". Para isso, falta só "deixar o cabelo preso". Em todos esses anos de atuação política do marido, ela apareceu em público pouquíssimas vezes. "Marcela sempre chamou atenção pela beleza, mas sempre foi recatada", diz sua irmã mais nova, Fernanda Tedeschi. "Ela gosta de vestidos até os joelhos e cores claras", conta a estilista Martha Medeiros.
Marcela é o braço digital do vice. Está constantemente de olho nas redes sociais e mantém o marido informado sobre a temperatura ambiente. Um fica longe do outro a maior parte da semana, uma vez que Temer mora de segunda a quinta-feira no Palácio do Jaburu, em Brasília, e Marcela permanece em São Paulo, quase sempre na companhia da mãe. Sacudida, loiríssima e de olhos azuis, Norma Tedeschi acompanhou a filha adolescente em seu primeiro encontro com Temer. Amigos do vice contam que, ao fim de um dia extenuante de trabalho, é comum vê-lo tomar um vinho, fumar um charuto e "mergulhar num outro mundo" - o que ocorre, por exemplo, quando telefona para Marcela ou assiste a vídeos de Michelzinho, que ela manda pelo celular. Três anos atrás, Temer lançou o livro de poemas intituladoAnônima Intimidade. Um deles, na página 135, diz: "De vermelho / Flamejante / Labaredas de fogo / Olhos brilhantes / Que sorriem / Com lábios rubros / Incêndios / Tomam conta de mim / Minha mente / Minha alma / Tudo meu / Em brasas / Meu corpo / Incendiado / Consumido / Dissolvido / Finalmente / Restam cinzas / Que espalho na cama / Para dormir".
Michel Temer é um homem de sorte.



REPORTAGEM 2:

A revista Veja perdeu mais uma oportunidade de ficar calada.
Numa tentativa óbvia – quase desconcertante, tamanha a vergonha alheia – de colocar Marcela Temer, esposa deMichel Temer, como a primeira-dama perfeita, a revistadeu mais um show de machismo e atraso.
Na matéria, Marcela é colocada como “bela, recatada e do lar” – nada mais conveniente para a sociedade patriarcal. Afinal, uma mulher bela, recatada e do lar – tal qual a mulher idealizada da literatura romântica do século XIX – não pisa no calo do machismo.
Ela se contenta com o lugar de inferioridade que lhe foi imposto com uma consciência de subalternidade preocupante.
Como Marcela, ela se satisfaz em ser “o braço direito do seu homem” – porque os seus braços, os seu corpo e a sua mente estão, de fato, unicamente direcionados aos interesses do homem que “a assumiu”. Eis o papel que o patriarcado lhe conferiu.
O tom de admiração e satisfação diante de uma mulher subalterna empregado na matéria é repugnante. Marcela, a mulher linda, elegante, discreta e subserviente é o sonho de consumo da Vejae dos golpistas conservadores.
É a mulher que encontra conforto num casamento tradicional, que precisa de um homem que a proteja e dê significado à sua vida pública – e quando falo em vida pública, refiro-me a tudo aquilo que extrapola os limites do papel de “mulher do lar”.
Veja quer mulheres que não sustentem, sozinhas, suas próprias vidas, suas próprias lutas, sua própria existência. Que estejam – e se contentem em estar – à sombra de seus homens. Que dependem deles para existirem socialmente e que mantenham a fragilidade que só eles podem alimentar: as princesas perfeitas a espera de um homem forte e corajoso que, finalmente, legitime a sua existência (talvez os editores da Veja estejam lendo muitas histórias da Disney).
Essa mulher – agora representada pela aspirante a primeira-dama do Brasil – é justamente a figura idealizada do Brasil do século XIX (ao ler a matéria, sinto-me em 1850): a mulher pudica, que sempre pede “luzes finíssimas”, que não se atreve a ascender intelectualmente (segundo a matéria, Marcela é bacharél em direito, mas trabalhou pouco e tem um currículo lattes sucinto), que se casa com o primeiro namorado e jamais expressa uma postura libertária.
Marcela Temer é a figura do retrocesso feminista e a Veja parece ter orgasmos com sua mera existência.
A matéria serve para que tenhamos uma noção clara – embora já o saibamos há algum tempo – do que, de fato, tanto incomoda a direita ao ver uma mulher como Dilma Roussef na presidência.
Ao contrário de Marcela, Dilma é tudo que o patriarcado não quer: não obedece aos padrões de beleza estabelecidos, não se curva diante da exigência de subserviência feminina que ainda persiste, não cultiva a delicadeza tradicionalmente feminina (afinal, não somos obrigadas!), luta com as próprias mãos, derrama o próprio suor, e o que é pior: é a mulher mais poderosa do país.


ESTRUTURA ARGUMENTATIVA
INTRODUÇÃO – apresenta o assunto e o posicionamento do autor (tese).
DESENVOLVIMENTO – contém a defesa da ideia proposta na introdução, fundamenta a tese, apresentando argumentos que a justifiquem, os quais podem se apoiar em:
  • relações de causa e efeito;
  • comparações entre situações, épocas, lugares e contextos diferentes;
  • depoimentos ou citações de pessoas especializadas no assunto;
  • dados estatísticos;
  • conhecimento do autor.
CONCLUSÃO – retoma a tese, sintetizando as ideias principais do texto ou propondo soluções para o problema discutido, podendo ser iniciada por certas fórmulas como:
  • Pode-se, portanto, concluir que...
  • Para terminar...
  • Por fim...
  • Em suma...
  • Fica, pois, claro que...



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