Nos dias 14 e 16 de abril, os pibidianos apresentaram, no Encontro de Formação de Professores promovido pelo Projeto Ler... na Faccat, a encenação "Salamanca do Jarau". Trata-se de uma adaptação da lenda, a partir da leitura do texto de Simões Lopes Neto. Tal apresentação artística não só se alinhou à temática do fascículo do Projeto Ler que estava sendo lançado na ocasião, como também à temática geral do Pibid na Faccat no ano de 2015: etnias e origens.
Leituras literárias: escritas e diálogos intermidiáticos
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
PLANO DE AULA Nº 07
Escola:
Colégio
Estadual João Mosmann
Professores/
bolsistas: Ana Lúcia F. Carvalho, Dieila dos Santos e
Lilian K. Amaral.
Data:
28/10/15,
04/11/15, 18/11/15 e 25/11/15. Carga
horária: 8 horas/aula
Turma:
201 Professora/
supervisora: Viviana Kunst
Assunto: Leitura de texto, interpretação textual, produção e
encenação.
Conteúdo: Releitura
de texto e encenação teatral
Objetivos:
ü Assistir ao vídeo No silêncio da Tapera, por meio de data show, a fim de observar a
representação da linguagem.
ü Visualizar o vídeo Semana Farroupilha com teatro- Espetáculo Histórias de Galpão- Aldeia
teatral, a fim de compreender como é a apresentação teatral, por meio de
data show.
ü Ler as crônicas Raízes,
e O Depoimento do analista de Bagé,
ambos de Luís Fernando Veríssimo, em silêncio, por meio de fotocópias, a fim de
discuti-lo e encená-lo.
ü Debater as crônicas em questão, por meio de uma
conversa, sobre pontos importantes dos textos, a fim de despertar a
criticidade.
ü Conhecer as características do teatro, para produzir
um roteiro teatral, por meio de Power
Point.
ü Produzir um roteiro teatral, para que seja encenado,
por meio do programa Word, a fim de despertar
escrita criativa.
ü Encenar a peça teatral, a fim de representar as
releituras produzidas.
Metodologia:
Atividade
1:
Os alunos assistirão ao vídeo O silêncio
da Tapera, retirado do site: https://www.youtube.com/watch?v=2GJpFeCMsfA,
para que eles observem a linguagem utilizada pelo declamador.
Atividades
2: Os discentes assistirão ao vídeo Semana
Farroupilha com teatro- Espetáculo Histórias de Galpão- Aldeia teatral, retirado do site: https://www.youtube.com/watch?v=Pr-vlwLU-ho,
para que eles tenham uma noção de como
será a encenação dos roteiros que eles produzirão.
Atividade
3: Debate
com os alunos:
Questões:
1.
O que se entende por artes cênicas?
2.
O que, para você, é uma peça de teatro?
3.
O que é necessário para se produzir uma
peça teatral?
4.
Como se escreve um bom roteiro de teatro?
Quais são os passos que se deve seguir?
Atividade
4: A
turma será dividida em dois grupos. Cada grupo receberá um texto e fará a
leitura silenciosa.
O
depoimento do analista de Bagé
Existem tantas histórias
por aí sobre o analista de Bagé – suas origens, sua vida particular, seus
métodos de trabalho – que fica difícil separar a lenda da realidade. A sua terapia do joelhaço é, como diz o
próprio analista, “ mais comentada que vida de manicure”. Já existe, inclusive,
uma escola de psicoterapia que adotou o joelhaço, chamado nos Estados Unidos de
BSM, ou “ Bage Sensivitivization Method”, embora o analista advirta que ele só
deve ser aplicado por um especialista, “ para não regued” (ver Glossário) o
vivente.
Dependendo da versão, o
analista tem seu consultório em Bagé mesmo, em Porto Alegre ou no Baixo Leblon.
Segundo alguns, ele teria abandonado a profissão e esta ria vivendo em Ipanema
com uma artista da Globo. Outros dizem que ele se aposentou e vive numa
estância de Bagé com sua recepcionista Lindaura – que agora não recebe mais, só
dá – e se ocupa em contar suas memórias em livro, quando não está conatndo seu
gado. Onde está. Af inal, a verdade? Como lelé desenvolveu a terapia do joelhaço?
Como vive, como ama, o
que pensa?
Acho que posso acaber com
todas estas dúvidas. Tenho um depoimento do próprio analista de Bagé contando
tudo. É verdade que sempre existe o risco desta ser apenas mais uma versão.
Mas, como diz o próprio analista, cripticamente, “a verdade é uma mentira que
aconteceu”. Ou coisa parecida.
O depoimento do analista
começa com um comentário sobre a sua fama de grosso. “Grosso é o intestino, que
dando cagada. De grosso só tenho, a minha mulher. ”
Sobre a terapia do
joelhaço, ele explica:
“ Se algum paciente vem
com muita história, eu digo logo que lengalenga é conversa de japonês. Gosto de ir direto ao caroço da questão. Foi
por isso que desenvolvi a terapia do joelhaço. Sou freudiano de carteirinha
assinada.
Mais ortodoxo que pijima
listrado. Mas gosto de experimentar, porque paciente que cai no meu pelego, sai
curado nem que elele morra. Eu já tava até os corno de tanata gente se
queixando de angústia existencial, da indiferença do universo, do terror do
infinito. Meu paqi, o velho Adão. Sempre me dizia pra não me preocupar com o
infinito porque o infinito ficava pra lá de Lavras. Em Bagé não tinha angústia
existencial e como em Bagé nunca teve fresco... fui me enchendo com aquela
fileira de desocupados que só pensavam no universo como se universo fosse tudo.
Um dia me entrou um índio com cara de quem preferia não ter nascido e eu onde
tudo começa e tudo se resolve. I índio velho se dobrou como um canivete. Levei
ele pro pelego com jeito. Ofereci um mate. Ele disse:
- Aahhnn.
Queria dizer não se
moleste. Depois que consegui falar, começou aquela cantilena, más chato que
padre da colônia. Porque era finitude humana, porque era o absurdo da
existência, porque era o vazio cósmico, porque a terra não valia nada... Aí eu
entesei que nem seminarista no sábado:
- Pêraí, ó bagual! tu ta
falando da minha terra.
-Mas a terra é uma
titicade galinha – disse ele.
- Titica é tu e galinha é
a tua mãe – argumentei. – A terra é muito melhor que muito desses planeta que
andam se rebolando por Aí feito china de delegado). Marte é só pedra. Vênus é
um lixo. Saturno ta mais cheio degás que alemão em fim de Kerb. A terra tem
tudo que um cristão precisa: oxigênio, mulher ancuda, mogango com leite
gordo...
Mas o índio não se
convenceu. Disse que sentia um aperto na garganta cada vez que pensava no
infinito e que aquela era a pior sensação que um vivente podia sentir.
- É pior que fome,
desgraçado? – perguntei.
Ele pensou um pouco e
disse:
-E.
Ai eu cheguei o banquinho
pra perto e perguntei:
-É pior que joelhaço?
Não era. A partir daí ele
começou a pensar melhor nas cosas. Abandonou a angústia e decidiu aproveitar a
vida. Deu um desfalque na firma e todos os anos me manda um certão do Taiti.
Desde então tenho usado a terapia do joelhaço com sucesso. Só não recomendo com
masoquista porque masoquista vai pelo joelhaço, não pra ser curado.
Uma vez, num congrasso de
psicanalista em Paris – que é uma espécie de Bagé com metrô -, me perguntaram
de onde tinha saído a ideia do joelhaço e eu contei. Tinha reunido alguns dos
maiores psicanalistas do mundo no meu quarto no hot el, feito um fogo de chão e
a indiada tava ali, passando a cuia e mentindo más que guri pra entrar em
baila. E eu contei a história do meu tio Lautério, que era médico.
Pues cada vez que alguém
lá em casa adoecia, chamavam o tio Lautério. Até hoje ninguém sabe direito qual
era a especialidade dele, mas era chamado pra tudo, desde mordida até enfarte.
Tinha um método que simplificava tudo. Pra doença que começava com consoenate,
receitava lavagem. Pras que começavam com vogal, como angina ou icterícia,
receitava emplasto. E dava certo, porque na minha família só se morria de briga
em bolicho. Pues um dia eu, que era tão piá que ainda ficava na ponta dos pés
pra mijar em penico, tive uma dor de ouvido. Chamaram tio Lautério. Ele chegou
e me encontrou chorando. A primeira cosa que disse foi pra me consolá:
-Deixa de ser veado, ó
cagão.
Mas tava doendo demais e
eu não parei de chor ar. Aí ele começou a me dar um beliscão. E perguntava:
-O que ta pior, o ouvido
ou o beliscão? E eu berrava:
- É o ouvido!
Depois:
-Ta empatado!
E depois:
-É o beliscão!
Aí ele apertou mais até
que eu gritei:
-Tô com saudade da dor de
ouvido!
Me lembrei do tio
Lautério quando decidi instituir o joelhaço. Poruqe averdade é que tem muito
paciente que acha que o umbigo dele é cetro do mundo, quando todo mundo sabe
que é Bagé. Então o vivente ta com dinheiro na poupança, come todos os dias,
tem uma amante chamada Suzete, e emsmo assim fica remoendo lá dentro, catando
angústia como passarinho bicando bosta. Um bom joelhaço sacode as cosa e
restabelece as prioridade.
Afinal, nestes tempos que estamos
atravessando, meio de banda como Aero Willys em lodaçal. Quem tem dinheiro pra
pagar uma análise devia se envergonhar de procurar um analista. É claro que a
psicanálise não tem culpa de ser uma cosa de elite, uma espécie de pólo mental.
Não foi ela que fez o mundo assim, arrevesado barbaridade. Mas quando dá razão
a quem diz que tudo tem que ser resolvido lá dentro de cada um, e não a quis
fora no social, ela até que é cúmplice. Como dizia o meu pai, o velho Adão:
gengiva não morde mas segura os dente.”
Onde é que o analista de
Bagé tem seu consultório?
“ Pues sou bairrista
barbaridade. Só sei viver com conterrâneo. No meio de gaúcho me sinto como bebê
no peito: tudo que eu preciso ta a li à maõ. Gosto de estar rodeado de gaúcho
como braseiro de galpão. Por isso morro no rio de Janeiro.
Abri um consultório no
Baixo Leblon – que é uma espécie de Bagé com manobrista – e to com uma clientela
louca de especial, e especial de louca. Se eu estranhei um pouco a mudança?
Bueno, no princípio, me mangueavam as ropa e ficavam olhando pras minhas
bombacha como se eu tivesse sem. Aí eu ameaçava botar mesmo o pirata pra fora
ou sair no manetaço e a indiada se apeanava. Que mal hay em ir de bombacha à
praia? Pra entrar no tal de mar eu sáo tiro o lenço encarnado, que cosa sagrada
não se lava com sal. No meu primeiro dia na praia de Ipanema veio um guasca,
más cabeludo que o caso do Riocentro, e disse:
-Ó cara, qual é a do
narguilé?
- que narguilé, tchê?
-Não desvia, xará. Deixa
eu traga o teu barato que eu tou sem nenhum. To puxando até espiral Boa- Noite,
falou? Solidariedade, cara.
Somos tudo polonês.
Pôs não é que o peludo
quis me tirar a cuia da mão, o que pra gaúcho equivale a xingar a mãe e o Bento
Gonçalves juntos? Dei-lhe um trompaço que derrubou gente até o Arpoador, pôs a
praia estava cheia.
Raízes
Pouco se sabe da vida
pregressa—ou “os antes”, como ele mesmo diria- do analista de Bagé. Embora hoje
tenha consultório na cidade grande e só atenda neuróticos importantes, cobrando
muito e por minuto –segundo ele, “ que é pra ninguém se aboleta e inventar de
passar dia” -, o analista de Bagé teve um começo difícil. Contam, inclusive,
que ele percorria o interior do Rio Grande do sula numa charrete, com um divã
portátil, oferecendo tratamento de porta de estância em porta de estância.
-Buenas!
- Como lê vai?
-Par aí, gauderiando más
que cigano e candidato.
-Pos se apeie e tome um
mate.
_pos aceito. Sou como
chiana passada, não arreganho convite,. E tou com a goela más seca que penico
de cego.
-Oigatê. O amigo vende o
quê?
-Pos sou psicanalista,
tchê.
-Oigatê. Por aqui já
apareceu até maranhense. Psicanalista é o primeiro.
-Sou freudiano e não renego.
-Freudiano, então, nem se
fala.
-Será que não tem na casa
alguém precisando de uma sessão ? Cinquenta minutos e aceito pagamento em
charque.
-Pos a Orestina...
-Que tem?
-Anda com riso frouxo.
-Sei.
-Ri sozinha.
-Que cosa.
-Qualquer cosa. Se arreganha.
-Não é cócega?
-Que idade tem a bicha?
-Dezessete.
-Essa não tem nada.
-Mas ri até de topada.
-É da idade.
-E ela não corre perigo?
-Só de engravidá.
Ao contrário do que se
pensa, o analista de Bagé mantém-se a par de todos os desenvolvimentos na área
da psiquiatria, embora se declare “freudiano de oito costados” e “ “más
ortodoxo que pomada Minâncora”. Ele tem uma boa e atualizada biblioteca que
consulta com frequência. Sempre que pega um caso mais difícil, no entanto, o
analista de Bagé recorre a um grosso volume em alemão na estante dos eu
consultório. É entre suas páginas que guarda, escritas a toco de lápis em
folhas soltas de um caderno de armazém, as máximas do seu pai, o velho Adão.
Quando, diante de um caso “ dos encroado”, o analista de Bagé se vê “más
apertado que jeans de fresco”, as máximas do velho Adão muitas vezes sugerem
uma saída. Eis algumas delas:
“ Mate e china, quanto
mais novo, mais quente.”
“Hay mil regras pra come,
mas nenhuma pra cagá.”
“pra segura mulher em
casa e cavalo em campo aberto, só carece de um pau firme.”
Dando a ideia de que o
cúmplice é igual ao criminoso, ou então que muitas vezes o que parece sem
importância é essencial: “A gengiva não morde, mas segura os dente.”
Sobre as sutis
diferenças: “Milonga e tango? Quibebe e mogango.”
“ Puro-sangue ou bagual,
a bosta é igual.”
Uma variação: “Meleca de
rainha é igual à minha.”
Um sábio comentário sobre
as interpretações subjetivas: “Roda de carreta chega cantando e se vai
gemendo.”
Algumas comparações:
“Braveteiro como castelhano em chineiro”. “ Sujo como pé de guri”, “Branco como
catarina assustado”, “Duro como trança de beata.” “Más vale ser touro brocha
que boi tesuado.”
“Pra guaipeca, pontapé é
mimo.”
“Más sagrado que Deus e a
mãe, só dívida de jogo.”
Das deduções simples: “Se
a toca é ancha, o tatu é gordo.”
Do perigo das deduções
apressadas: “Pela cabeleira, o julgamento é canhestro: pode ser china ou
maestro.”
“Más seco que penico de
cego.”
“Más triste que tia em
baile.”
“Cavalo de borracho sabe
onde o bolicho dá sombra.”
“Marido de parteira dorme
do lado da parede” (significado obscuro).
“Viúva moça é como louça:
já foi usada, mas não se joga fora. ”
“Se Deus fez o mundo em
seis dias, só no Rio Grande gastou cinco. ”
Contam que o analista de
Bagé, embora se declare “mais antigo que emplastro” e freudiano de usar
carteirinha, não renega as novas técnicas de análise. Inclusive, inventou
algumas. Segundo ele, o que vai longe sem sair do lugar é trilho. É preciso
dinamizar a análise. Não se concebe mais que o paciente fale enquanto a anlista
cochila. Por isto, depois de inventar a análise em grupo com gaiteiro, “pra
indiada se soltá”, ele está experimentando com sessões externas ou “à la
fresca”, durante as quais paciente e analista saem à rua, a a análise é feita em
qualquer lugar, num banco de praça, até num balcão de cafezinho.
-Ainda estou na fase
anal-retentiva, doutor. Tenho esta obsessão infantil em não dar nada, nunca , a
ninguém.
-Mas que cosa. Me passa o
açúcar.
-Não passo.
As sessões de rua são
boas para o paciente, pois ele foge da passividade um pouco humilhante do divã.
(Se bem que o analista de Bagé adaptou um mecanismo de cadeira de dentista so
seu divã que, nos casos de complexo de inferioridade, vai ficando mais alto ao
logo da sessão. “Controlo a altura na alpargata, e o citadito pensa que
melhorou. ”) Para o analista também é bom, porque ele pode, por exemplo, ir ao
banco e dar consulta ao mesmo tempo. Mas o que tem dado resultado mesmo são as
análises no campo. Dependendo do caso, o analista de Bagé leva o paciente a
caminhar no parque ou subir em morro. Ele nasceu na campanha e costuma dizer
que é homem “de quatro horizontes”. E quando o paciente dá sinais de estar
muito angustiado pela vida urbana, o analista de Bagé grita para Lindaura, sua
recepcionista: “Prepara os isopor, que este é caso de piquenique. ” Aliás, ele
diz que é tradicionalista de botar o Paixão num bolso e o Barbosa Lessa no
outro, mas que hoje em dia não se admite gaúcho autêntico sem garrafa térmica.
E vão pro mato.
Foi sentado debaixo de
uma figueira, mastigando um talo, que o analista de Bagé ouviu a sua paciente-
“mais linda que manta de charque gordo”, como diria depois- declarar que não
conseguia sentir prazer com homem algum, a não ser que houvesse a ameaça de
punição. O analista de Bagé tentou manter o distanciamento clínico, mas estava
batendo sol na bombacha e não deu. Olhou rapidamente em volta e avistou um
relvado na forma de uma cama redonda.
Deus existe, pensou, e
Freud está à sua direita, anotando tudo. Sutilmente, o analista de Bagé
sugeriu:
-Tira a roupa.
-Serei punida, depois?
-Mas bá.
-Como? Pelo sentimento de
culpa?
-Não.
-Desenvolverei uma
neurose? Meu ego, que exige a punição, combaterá meu id, que ser satisfeito a
qualquer custo, mesmo sabendo que ter relações com meu analista, que
personifica o meu superego, não me causará culpa, pois posso racionalizá-las
como terapia de apoio? Será esse o meu castigo?
-Não.
-Então qual?
-Urticária.
-Oba.
Atividade
5: Juntamente
com a professora que estiver acompanhando, os alunos produzirão uma releitura
do conto em questão, em forma de roteiro.
Atividade
6: Cada
grupo realizará os ensaios do teatro, que será acompanhado por uma das
professoras.
Atividade
7: Apresentação
e filmagem dos teatros. Os grupos apresentarão a releitura das crônicas já
citadas na sala de vídeo. Eles poderão utilizar todo e qualquer material para a
apresentação da peça.
Recursos:
-
Sala de PDE;
-Sala
de Informática
-
fotocópias do texto;
-
lápis, borracha e caneta;
- figurinos e cenários;
- filmadora.
Avaliação:
Será
satisfatório se os alunos participarem ativamente da atividade de motivação,
leitura do texto, do debate oral, produção das releituras e encenação
teatral. Cada aluno será avaliado
individualmente, através do empenho e dinamismo na discussão oral.
Grupo 1
Grupo 2
Apresentação do grupo 1 com o texto “Raízes”
Apresentação
do grupo 2 com o texto “Depoimento do analista de Bagé”
Turma
completa do 2° ano do Ensino Médio
PLANO DE AULA Nº 06
Escola:
Colégio
Estadual João Mosmann
Professores/
bolsistas: Ana Lúcia F. Carvalho, Dieila dos Santos e
Lilian K. Amaral.
Data:
16/09
e 23/09. Carga horária: 2 horas/aula
Turma:
201 Professora/
supervisora: Viviana Kunst
Assunto:
A
Literatura Gaúcha na sala de aula.
Conteúdo:
Leitura, interpretação textual e produção textual, a partir de contos
gauchescos.
Objetivos:
ü Responder a questões de conhecimentos gerais, a fim de
inteirar-se do assunto das próximas aulas;
ü Assistir ao vídeo, https://www.youtube.com/watch?v=2BBWah1pUGU,
como introdução ao conto que será lido na
sequência;
ü Debater o tema apresentado no vídeo com os colegas e
professoras bolsistas, a fim de despertar a criticidade oral;
ü Ler o conto Trezentas
onças, de Simões Lopes Neto;
ü Responder a questões de interpretação textual, a fim
de compreender o texto em questão;
ü Traduzir, para uma linguagem coloquial, algumas
frases/expressões desconhecidas.
Metodologia:
Atividade 1: Os alunos responderão a algumas perguntas, em forma de diálogo com as
professoras bolsistas, que servirão para como atividade de motivação, para que
eles se inteirem do assunto que será trabalhado em sala de aula.
a) Para vocês, o que significa a palavra "gaúcho"?
b) Qual é a primeira coisa que vocês pensam quando se fala em
"cultura gaúcha"?
c) Quais são as características de um gaúcho? É possível identificá-las
no ambiente escolar?
d) Vocês conhecem a história do Rio Grande do Sul? Conte-nos um
pouco.
e) Quais são os movimentos tradicionalistas do nosso Estado? Com que
frequência eles acontecem?
f) Vocês conhecem alguém que frequenta o CTG (Centro de Tradições
Gaúchas)? Sabem quais são os hábitos e maneiras dessa pessoa se portar?
Atividades
2:
Os alunos assistirão ao vídeo contos
gauchescos, que poderá ser acessado no seguinte site: https://www.youtube.com/watch?v=2BBWah1pUGU.
Atividade
3: A
turma debaterá sobre o tema proposto pelo vídeo assistido anteriormente.
Atividade
4:
Pós debate, os alunos farão a leitura silenciosa e, depois oral, do conto Trezentas onças, de Simões Lopes Neto.
Atividade
5: Os alunos responderam as questões de
interpretação textual.
5.
Responder as questões de interpretação do conto:
a) Quais são as expressões gauchescas
presentes no conto Trezentas Onças? Identifique-as e explique-as,
conforme o seu conhecimento prévio.
b) O texto é narrado em 1ª ou 3ª pessoa?
Retire uma passagem do texto que comprove a sua resposta.
c) É possível identificar algumas
características do gaúcho a partir do texto lido?
d) Para você, o gaúcho é real ou é um
mito? Justifique a sua resposta.
e) O gaúcho apresentado no conto tem as
mesmas características do gaúcho citado por vocês na conversa que tivemos? Se
não, qual a diferença deles?
f) A linguagem utilizada no conto é
utilizada atualmente?
g)
Com suas palavras, explique a relação
existente entre o homem e a natureza que faz com que o personagem do contato
desista da morte como meio para redimir sua honra com a perda do dinheiro da
qual era responsável.
h)
O autor foi um grande coletor de casos e
lendas que faziam parte do imaginário gaúcho, seu mérito está na forma de
contar e na retratação fiel do homem do campo. Sendo assim, podemos afirmar que
a linguagem utilizada por Blau Nunes pertence à variedade padrão formal ou
pertence à variedade padrão informal?
i)
Em sua opinião a situação complicada
vivida por Blau Nunes no conto é um conflito enfrentado só por gaúchos ou
trata-se de uma situação que pode ser vivenciada por qualquer pessoa em algum
momento da vida? Comente:
Atividade
6: Após a leitura do texto e de responderem as
questões de interpretação textual, os alunos escolheram frases ou expressões,
das quais eles não tenham conhecimento dos seus significados, e pesquisarão
para realizarem a tradução.
Recursos:
- Fotocópia do conto
- Lápis, borracha, caneta
- Fotocópia das questões de interpretação textual
- Sala de PDE
- Data Show
Avaliação:
Será
satisfatório se os alunos discutirem sobre os temas propostos pelas
professoras/bolsistas por meio das questões de motivação. Além disso, será
considerada satisfatória se lerem e interpretarem o conto em questão e se
traduzirem as frases/ expressões.
Trezentas
onças – Simões Lopes Neto
—
Eu tropeava, nesse tempo. Duma feita que viajava de escoteiro, com a guaiaca
empanzinada de onças de ouro, vim varar aqui neste mesmo passo, por me ficar
mais perto da estância da Coronilha, onde devia pousar.
Parece
que foi ontem! ... Era fevereiro; eu vinha abombado da troteada.
—
Olhe, ali, na restinga, à sombra daquela mesma reboleira de mato que está nos
vendo, na beira do passo, desencilhei; e estendido nos pelegos, a cabeça no
lombilho, com o chapéu sobre os olhos, fiz uma sesteada morruda.
Despertando,
ouvindo o ruído manso da água tão limpa e tão fresca rolando sobre o
pedregulho, tive ganas de me banhar; até para quebrar a lombeira... e fui-me à
água que nem capincho!
Debaixo
da barranca havia um fundão onde mergulhei umas quantas vezes; e sempre puxei
umas braçadas, poucas, porque não tinha cancha para um bom nado.
E
solito e no silêncio, tornei a vestir-me, encilhei o zaino e montei. Daquela
vereda andei como três léguas, chegando à estância cedo ainda, obra assim de
braça e meia de sol.
—
Ah! . .. esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorro brasino, um cusco
mui esperto e bom vigia. Era das crianças, mas às vezes dava-lhe para
acompanhar-me, e depois de sair a porteira, nem por nada fazia cara-volta, a
não ser comigo. E nas viagens dormia sempre ao meu lado, sobre a ponta da
carona, na cabeceira dos arreios.
Por
sinal que uma noite...
Mas
isso é outra cousa: vamos ao caso.
Durante
a troteada bem reparei que volta e meia o cusco parava-se na estrada e latia e
corria pra trás, e olhava-me, olhava-me e latia de novo e troteava um pouco
sobre o rastro; — parecia que o bichinho estava me chamando! ... Mas como eu
ia, ele tornava a alcançar-me, para daí a pouco recomeçar.
—
Pois, amigo! Não lhe conto nada! Quando botei o pé em terra na ramada da estância,
ao tempo que dava as — boas tardes! — ao dono da casa, agüentei um tirão seco
no coração... não senti na cintura o peso da guaiaca!
Tinha
perdido trezentas onças de ouro que levava, para pagamento de gados que ia
levantar.
E
logo passou-me pelos olhos um clarão de cegar, depois uns coriscos tirante a
roxo... depois tudo me ficou cinzento, para escuro...
Eu
era mui pobre — e ainda hoje, é como vancê sabe... —; estava começando a vida,
e o dinheiro era do meu patrão, um charqueador, sujeito de contas mui limpas e
brabo como uma manga de pedras...
Assim,
de meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:
—
Então patrício? Está doente?
—
Obrigado! Não senhor, respondi, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça:
perdi uma dinheirama do meu patrão...
—
A la fresca!...
—
É verdade... antes morresse, que isto! Que vai ele pensar agora de mim!...
—
É uma dos diabos, é... mas; não se acoquine, homem!
Nisto
o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e
logo correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a
latir...
Ah!...
E num repente lembrei-me bem de tudo. Parecia que estava vendo o lugar da
sesteada, o banho, a arrumação das roupas nuns galhos de sarandi, e, em cima de
uma pedra, a guaiaca e por cima dela o cinto das armas, e até uma ponta de
cigarro de que tirei uma última tragada, antes de entrar na água, e que deixei
espetada num espinho, ainda fumegando, soltando uma fitinha de fumaça azul, que
subia, fininha e direita, no ar sem vento...; tudo, vi tudo.
Estava
lá, na beirada do passo, a guaiaca. E o remédio era um só: tocar a meia rédea,
antes que outros andantes passassem.
Num
vu estava a cavalo; e mal isto, o cachorrito pegou a retouçar, numa alegria,
ganindo — Deus me perdoe! — que até parecia fala!
E
dei de rédea, dobrando o cotovelo do cercado.
Ali
logo frenteei com uma comitiva de tropeiros, com grande cavalhada por diante, e
que por certo vinha tomar pouso na estância. Na cruzada nos tocamos todos na
aba do sombreiro; uns quantos vinham de balandrau enfiado. Sempre me deu uma
coraçonada para fazer umas perguntas... mas engoli a língua.
Amaguei
o corpo e, penicando de esporas, toquei a galope largo.
O
cachorrinho ia ganiçando, ao lado, na sombra do cavalo, já mui comprida.
A
estrada estendia-se deserta; à esquerda, os campos desdobravamse a perder de
vista, serenos, verdes, clareados pela luz macia do sol morrente, manchados de
pontas de gado que iam se arrolhando nos paradouros da noite; à direita, o sol;
muito baixo, vermelho-dourado, entrando em massa de nuvens de beiradas
luminosas.
Nos
atoleiros, secos, nem um quero-quero: uma que outra perdiz, sorrateira, piava
de manso por entre os pastos maduros; e longe, entre o resto da luz que fugia
de um lado e a noite que vinha, peneirada, do outro, alvejava a brancura de um
joão-grande, voando, sereno, quase sem mover as asas, como uma despedida
triste, em que a gente também não sacode os braços...
Foi
caindo uma aragem fresca; e um silêncio grande, em tudo.
O
zaino era um pingaço de lei; e o cachorrinho, agora sossegado, meio de banda,
de língua de fora e de rabo em pé, troteava miúdo e ligeiro dentro da
polvadeira rasteira que as patas do flete levantavam.·.
E
entrou o sol; ficou nas alturas um clarão afogueado, como de incêndio num
pajonal; depois, o lusco-fusco; depois, cerrou a noite escura; depois, no céu,
só estrelas... só estrelas...
O
zaino atirava o freio e gemia no compasso do galope, comendo caminho. Bem por
cima da minha cabeça as Três-Marias, tão bonitas, tão vivas, tão alinhadas,
pareciam me acompanhar... lembrei-me dos meus filhinhos, que as estavam vendo,
talvez; lembrei-me da minha mãe, do meu pai, que também as viram, quando eram
crianças e que já as conheceram pelo seu nome de Marias, as Três-Marias. Amigo!
Vancê é moço, passa a sua vida rindo...; Deus o conserve!... sem saber nunca
como é pesada a tristeza dos campos quando o coração pena!...
—
Há que tempos eu não chorava!... Pois me vieram lágrimas..., devagarinho, como
gateando, subiram... tremiam sobre as pestanas, luziam um tempinho... e ainda
quentes, no arranco do galope lá caíam elas na polvadeira da estrada, como um
pingo d'água perdido, que nem mosca nem formiga daria com ele! ...
Por
entre as minhas lágrimas, como um sol cortando um chuvisqueiro, passou-me na
lembrança a toada dum verso lá dos meus pagos:
Quem
canta refresca a alma,
Cantar
adoça o sofrer;
Quem
canta zomba da morte:
Cantar
ajuda a viver! ...
Mas
que cantar podia eu! ...
O
zaino respirou forte e sentou e sentou, trocando a orelha, farejando no escuro:
o bagual tinha reconhecido o lugar, estava no passo.
Senti
o cachorrinho respirando, como assoleado. Apeei-me.
Não
bulia uma folha; o silêncio, nas sombras do arvoredo, metia respeito... que
medo não, que não entra em peito de gaúcho!
Embaixo,
o rumor da água pipocando sobre o pedregulho; vagalumes retouçando no escuro.
Desci, dei com o lugar onde havia estado; tenteei os galhos do sarandi; achei a
pedra onde tinha posto a guaiaca e as armas; corri as mãos por todos os lados,
mais pra lá, mais pra cá...; nada! nada!...
Então,
senti frio dentro da alma... o meu patrão ia dizer que eu o havia roubado!...
roubado!... Pois então eu ia lá perder as onças!... Qual! Ladrão, ladrão, é que
era! ...
E
logo uma tenção ruim entrou-me nos miolos: eu devia matar-me, para não sofrer a
vergonha daquela suposição. É; era o que eu devia fazer: matar-me... e já, aqui
mesmo!
Tirei
a pistola do cinto; amartilhei o gatilho... benzi-me, e encostei no ouvido o
cano, grosso e frio, carregado de bala. ..
—
Ah! patrício! Deus existe! ...
No
refilão daquele tormento, olhei para diante e vi... as Três-Marias luzindo na
água... o cusco encarapitado na pedra, ao meu lado, estava me lambendo a mão...
e logo, logo, o zaino relinchou lá em cima, na barranca do riacho, ao
mesmíssimo tempo que a cantoria alegre de um grilo retinia ali perto, num oco
de pau!... — Patrício! não me avexo duma heresia; mas era Deus que estava no
luzimento daquelas estrelas, era Ele que mandava aqueles bichos brutos arredarem
de mim a má tenção...
O
cachorrinho tão fiel lembrou-me a amizade da minha gente; o meu cavalo
lembrou-me a liberdade, o trabalho, e aquele grilo cantador trouxe a
esperança.. .
Eh-pucha!
patrício, eu sou mui rude... a gente vê caras, não vê corações...; pois o meu,
dentro do peito, naquela hora, estava como um espinilho ao sol, num descampado,
no pino do meio-dia: era luz de Deus por todos os lados!...
E
já todo no meu sossego de homem, meti a pistola no cinto. Fechei um baio, bati
o isqueiro e comecei a pitar.
E
fui pensando. Tinha, por minha culpa, exclusivamente por minha culpa, tinha
perdido as trezentas onças, uma fortuna para mim. Não sabia como explicar o
sucedido, comigo, acostumado a bem cuidar das cousas. Agora... era vender o
campito, a ponta de gado manso — tirando umas leiteiras para as crianças e a
junta dos jaguanés lavradores — vender a tropilha dos colorados... e pronto!
Isso havia de chegar, folgado; e caso mermasse a conta... enfim, havia de se
ver o jeito a dar... Porém matar-se um homem, assim no mais... e chefe de
família... isso, não!
E
despacito vim subindo a barranca; assim que me sentiu, o zaino escarceou,
mastigando o freio.
Desmaneei-o,
apresilhei o cabresto; o pingo agarrou a volta e eu montei, aliviado.
O
cusco escaramuçou, contente; a trote e galope voltei para a estância.
Ao
dobrar a esquina do cercado enxerguei luz na casa; a cachorrada saiu logo,
acuando. O zaino relinchou alegremente, sentindo os companheiros; do potreiro
outros relinchos vieram.
Apeei-me
no galpão, arrumei as garras e soltei o pingo, que se rebolcou, com ganas.
Então
fui para dentro: na porta dei o — Louvado seja Jesu-Cristo; boa-noite! — e
entrei, e comigo, rente, o cusco. Na sala do estancieiro havia uns quantos
paisanos; era a comitiva que chegava quando eu saía; corria o amargo.
Em
cima da mesa a chaleira, e ao lado dela, enroscada, como uma jararaca na
ressolana, estava a minha guaiaca, barriguda, por certo com as trezentas onças
dentro.
—
Louvado seja Jesu-Cristo, patrício! Boa-noite! Entonces, que tal le foi o
susto?...
E
houve uma risada grande de gente boa.
Eu também fiquei-me rindo, olhando para a
guaiaca e para o guaipeva, arrolhadito aos meus pés...
Leitura dramatizada do conto "Trezentas onças"
Leitura dramatizada do conto "Trezentas onças"
Desenhando o gaúcho típico apresentado no texto lido
Leitura silenciosa do conto
Respondendo as questões de interpretação textual
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