Leituras literárias: escritas e diálogos intermidiáticos

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Plano do dia 08/08/16 - E.E.E.M. Felipe Marx - 2º ano do E.M. - Acadêmicas Ellen, Kelly e Nicole

DATA: 08/08/16

TEMPO DE DURAÇÃO: 2h/aula

ASSUNTO: Crônica/interpretação textual

OBJETIVOS:
-Ler crônica a fim de exercitar a compreensão de textos.
-Criar pequenos textos do gênero resposta para desenvolver a capacidade de argumentar.

METODOLOGIA:
1ª etapa - motivação.
-Será solicitado aos alunos que façam um desenho representando a morte (eles terão 20 minutos para criar a ilustração).
-Após a criação, todos deverão mostrar seus desenhos para a turma e comentar a ideia que tiveram para representar.

2ª etapa- pré-leitura
Feitas as demonstrações dos desenhos, serão feitas algumas questões orais:
-Você tem medo da morte?
-Você acredita que existe uma data destinada para a morte das pessoas?

3ª etapa - leitura e descoberta.  
-Após esse debate, serão distribuídas cópias do texto “Sozinhos” de Luís Fernando Veríssimo. Será feita a leitura do texto.
-Com base na leitura, serão feitas questões de interpretação sobre o texto.
-Por fim, será feita a correção das questões.

SOZINHOS – Luís Fernando Veríssimo

Esta ideia para um conto de terror é tão terrível que, logo depois de tê-la, me arrependi. Mas já estava tida, não adiantava mais. Você, leitor, no entanto, tem uma escolha. Pode parar aqui, e se poupar, ou ler até o fim e provavelmente nunca mais dormir. Vejo que decidiu continuar. Muito bem, vamos em frente. Talvez, posta no papel, a ideia perca um pouco do seu poder de susto. Mas não posso garantir nada. É assim:
Um casal de velhos mora sozinho numa casa. Já criaram os filhos, os netos já estão grandes, só lhes resta implicar um com o outro. Retomam com novo fervor uma discussão antiga. Ela diz que ele ronca quando dorme, ele diz que é mentira.
- Ronca.
- Não ronco.
- Ele diz que não ronca - comenta ela, impaciente, como se falasse com uma terceira pessoa.
Mas não existe outra pessoa na casa. Os filhos raramente visitam. Os netos, nunca. A empregada vem de manhã, faz o almoço, deixa o jantar e sai cedo. Ficam os dois sozinhos.
- Eu devia gravar os seus roncos, pra você se convencer - diz ela. E em seguida tem a ideia infeliz. - É o que eu vou fazer! Esta noite, quando você dormir, vou ligar o gravador e gravar os seus roncos.
- Humrfm - diz o velho.
Você, leitor, já deve estar sentindo o que vai acontecer. Pare de ler, leitor. Eu não posso parar de escrever. As ideias não podem ser desperdiçadas, mesmo que nos custem amigos, a vida ou o sono. Imagine se Shakespeare tivesse se horrorizado com suas próprias ideias e deixado de escrevê-las, por puro comedimento. Não que eu queira me comparar a Shakespeare. Shakespeare era bem mais magro. Tenho que exercer este ofício, esta danação. Você, no entanto, não é obrigado a me acompanhar, leitor. Vá passear, vá tomar um sol. Uma das maneiras de controlar a demência solta no mundo é deixar os escritores falando sozinhos, exercendo sozinhos a sua profissão malsã, o seu vício solitário. Você ainda está lendo. Você é pior do que eu, leitor. Você tinha escolha.
Sozinhos. Os velhos sozinhos na casa. Os dois vão para a cama. Quando o velho dorme, a velha liga o gravador. Mas em poucos minutos a velha também dorme. O gravador fica ligado, gravando. Pouco depois a fita acaba.
Na manhã seguinte, certa do seu triunfo, a velha roda a fita.
Ouvem-se alguns minutos de silêncio. Depois, alguém roncando.
- Rarrá! - diz a velha, feliz.
Pouco depois ouve-se o ronco de outra pessoa, a velha também ronca!
- Rarrá! - diz o velho, vingativo.
E em seguida, por cima do contraponto de roncos, ouve-se um sussurro. Uma voz sussurrando, leitor. Uma voz indefinida. Pode ser de homem, de mulher ou de criança. A princípio - por causa dos roncos - não se distingue o que ela diz. Mas aos poucos as palavras vão ficando claras. São duas vozes. É um diálogo sussurrado.
“Estão prontos?”
“Não, acho que ainda não...”
“Então vamos voltar amanhã...”

QUESTÕES PROPOSTAS:

O autor tenta criar suspense em relação a sua ideia de história. Que recurso ele utiliza para isso? Explique.

Qual é o tempo verbal que predomina no texto? Justifique.

Quando você chegou ao trecho “Você, leitor, já deve estar sentindo o que vai acontecer.”, você já tinha imaginado o que ocorreria no final? Seu pensamento correspondeu ao que o texto apresentou? Se não, comente quais possibilidades você imaginou.

É possível dizer que no trecho “Não que eu queira me comparar a Shakespeare. Shakespeare era bem mais magro.” o autor foi irônico? Por quê?

Cite duas passagens nas quais o autor utiliza o modo imperativo dos verbos. Por que, nesses momentos, o autor utilizou os verbos nesse modo?

O que significa “profissão malsã”? Caso necessário, faça uso do dicionário para explicar essa expressão.

De quem seriam as vozes ouvidas pelos velhinhos no final do conto? E por que os donos das vozes desistiram de levar os velhinhos e decidiram voltar no outro dia?

Se a morte viesse buscá-lo hoje, como você a convenceria a deixá-lo ficar?

RECURSOS:

-Cópias do texto e das questões;
-Folhas de ofício;
-Lápis, borracha e outros materiais de desenho.

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