Leituras literárias: escritas e diálogos intermidiáticos

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Nomes dos bolsistas: Anderson B. Araújo e Carla Vanusa
Turma: T7A
Supervisora: Lisandra
PLANO DE AULA
OBJETIVOS GERAIS:

  • Ler cantigas trovadorescas, reconhecendo suas características por meio de atividades dirigidas a fim de desenvolver a criatividade e o senso crítico dos alunos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

  • Trabalhar as Cantigas de amigo, de amor e de escárnio, relacionando-as ao contexto linguístico atual para que façam releituras.
METODOLOGIA:
  • Iniciar a aula passando um vídeo de uma cantiga de amigo aos alunos:

  •  Em seguida, questioná-los quanto a compreensão da letra da cantiga. Após esse momento, dividir os alunos em duplas, e distribuir cantigas variadas em uma folha para escolherem a que mais gostaram;
  • Após a escolha das cantigas, solicitar aos alunos que realizem uma leitura mais aprofundada e, com o auxílio de dicionários, adaptem a linguagem da cantiga escolhida para os dias atuais.

 CRONOGRAMA

  • Uma aula de 35 min.

RECURSOS:

  • Dois exemplos xerocados de cada cantiga trovadoresca.
  • Dicionários.





Transforma-se o amador na cousa amada
Luís de Camões
Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho logo mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
pois consigo tal alma está liada.
Mas esta linda e pura semidéia,
que, como o acidente em seu sujeito,
assim co’a alma minha se conforma,
está no pensamento como idéia;
[e] o vivo e puro amor de que sou feito,
como matéria simples busca a forma.
Amor é fogo que arde sem se ver
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor? 
                                        Camões




Ai Flores do Verde Pino
__ Ai flores, ai flores do verde pino, 
se sabedes novas do meu amigo! 
    Ai Deus, e u é? 

__ Ai flores, ai flores do verde ramo, 
se sabedes novas do meu amado! 
    Ai Deus, e u é? 

Se sabedes novas do meu amigo, 
aquel que mentiu do que pôs comigo! 
    Ai Deus, e u é? 

Se sabedes novas do meu amado, 
aquel que mentiu do qui mi á jurado! 
    Ai Deus, e u é? 

__ Vós me perguntardes polo voss'amigo, 
e eu bem vos digo que é san'vivo. 
    Ai Deus, e u é? 

Vós me perguntardes polo voss'amado, 
e eu bem vos digo que é viv'e sano. 
    Ai Deus, e u é? 

E eu bem vos digo que é san'vivo 
e seeravosc'ant'o prazo saído. 
    Ai Deus, e u é? 

E eu bem vos digo que é viv' e sano 
e seeravosc'ant'o prazo passado 
    Ai Deus, e u é?                                                                               D. Dinis, in 'Antologia Poética' 












Ondas do mar de Vigo
Ondas do mar de Vigo,
Se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!

Ondas do mar levado,
Se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!

Se vistes meu amigo,
O porquê eu suspiro!
E ai Deus, se verrá cedo!

Se vistes meu amado,
Por que hei gran cuidado!
E ai Deus, se verrá cedo!
                                               Martim Codax
                Ai dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv'en[o] meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei todavia;
e vedes como vos quero loar:
donafea, velha e sandia!


Dona fea, se Deus mi perdom,
poishavedes [a]tamgramcoraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero já loar todavia;
e vedes qual será a loaçom:
donafea, velha e sandia!


Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
em que vos loarei todavia;
edirei-vos como vos loarei:
donafea, velha e sandia!                                                                
João Garcia de Guilhade




Marinha, o teu folgar
tenho eu por desacertado,
e ando maravilhado
de te não ver rebentar;
pois tapo com esta minha
boca, a tua boca, Marinha;
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu;
com as mãos tapo as orelhas,
os olhos e as sobrancelhas,
tapo-te ao primeiro sono;
com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum,
com os colhões te tapo o cu.
E não rebentas, Marinha?


                                               Autor desconhecido

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