Escola Estadual de Ensino Médio Felipe
Marx
Nomes dos bolsistas: Anderson Bueno Araújo e Carla Vanusa Coco
Turma: T8A
Supervisora: Lisandra
PLANO
DE AULA
OBJETIVOS GERAIS:
-Trabalhar com os alunos o conto “O Gato Preto”, de
Edgar Allan Poe.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Verificar se os alunos conhecem e/ou acreditam em
superstições.
- Trabalhar a interpretação de texto com os demais a
fim de que possamos averiguar como anda sua interpretação e escrita.
METODOLOGIA:
- O professor levará para a sala uma caixa
“misteriosa” contendo imagens relacionadas a superstições populares e passará
entre os alunos para que cada um retire uma imagem e questionará os alunos se
eles são supersticiosos.
- Após esse momento, distribuiremos as cópias do texto
“O gato preto”, acenderemos algumas velas na sala de aula, apagaremos as luzes,
e, com as velas acesas, começaremos a ler o resumo do conto “o Gato Preto”, de
Edgar Allan Poe.
- Em seguida, distribuir para os alunos as questões de
leitura descoberta e pós leitura sobre o texto.
RECURSOS:
- Cópias xerocadas do texto e das questões de
interpretação sobre o texto “O gato preto”
- Velas
- Imagens de objetos supersticiosos
- Caixa de sapato
CRONOGRAMA:
- Duas aulas de 45 minutos cada.
O
gato preto
Poucos vão acreditar nesta estranha história que vou
contar. No entanto tudo isso aconteceu realmente comigo e posso garantir que
não foi um sonho.
Desde menino sou conhecido por meu temperamento dócil
e meu bom coração. Tanto que até outros meninos, não tão bonzinhos quanto eu,
às vezes riam de mim. A coisa de que eu mais gostava no mundo eram os animais,
nada me fazia mais feliz do que lhes dar de comer ou brincar com eles.
Casei-me muito moço. Tive a sorte de encontrar uma
companheira que sentia pelos bichos o mesmo afeto que eu. Tivemos um lindo
cachorro, um peixinho dourado, passarinhos, coelhos e um gato. Um grande gato
preto, lindo e inteligentíssimo. Minha mulher era um pouco supersticiosa e
costumava me lembrar da lenda de que os gatos pretos são bruxas disfarçadas.
Mas nunca dei atenção a ela. Plutão, era assim que se chamava nosso gato,
tornou-se meu fiel companheiro e me seguia por toda a parte.
Nossa amizade durou muitos anos. E só se modificou
porque uma mudança profunda aconteceu em mim. Adquiri o vício da bebida e fui
me tornando irritável, rude. Eu me embrutecera.
Não apenas me descuidei de mim, de minha mulher e de
meus bichos, como os maltratava com a maior crueldade. Cheguei até a agressão
física. Durante certo tempo, Plutão, meu bicho preferido, foi poupado dos maus
tratos. Por fim, chegou a sua vez.
Uma noite, cheguei em casa bêbado, amargurado e de
péssimo humor. Cismei que Plutão que Plutão não queria nem olhar pra mim,
fiquei uma fera com ele. Sem pensar no que fazia, agarrei-o com força pelo
rabo, o bichinho reagiu: debateu-se e me arranhou a mão com suas unhas afiadas.
Isso me fez perder totalmente o controle. Senti uma fúria desconhecida. Com um
gesto rápido saquei um canivete que levava no bolso e, zás!, furei-lhe o olho.
Quando acordei no dia seguinte, pensei muito na mal
que havia cometido. Mas esses pensamentos duraram pouco e minha vida seguiu o
mesmo rumo. Continuaram as noitadas nos bares, as violências à minha mulher e
aos animais.
Plutão logo sarou, mas sua imagem de gato caolho me
atormentava, sua simples presença me fazia sentir ódio. Certa manhã, movido por
uma força estranha, agarrei o gato, enrolei-lhe uma corda no pescoço e
pendurei-o no galho de uma árvore do jardim da minha casa. Enforquei-o.
Naquela mesma noite acordei sobressaltado com gritos
de “fogo! fogo!”. Levantando-me, vi que a casa toda ardia em chamas. Com grande
sacrifício, escapamos vivos, mas a destruição foi completa.
No dia
seguinte, com o fogo já apagado, voltamos para casa. Estava praticamente em
ruínas. Num canto, vi um grupo de velhotas bisbilhoteiras em frente da única
parte que havia ficado em pé: uma parede do nosso quarto. As velhas exclamavam:
“Que esquisito, que coisa mais estranha!” Aproximei-me intrigado. Na parede que
tinha se salvado aparecera uma grande silhueta preta com a forma... de um gato!
O animal tinha uma corda enrolada no pescoço! Ao vê-lo fiquei terrivelmente
assustado. Não entendi nada, só senti que o medo paralisava meu corpo.
Por alguns dias notei uma sensação parecida com o
remorso, cheguei a sentir necessidade de arranjar outro gato. Uma noite, numa
escura e triste taberna, pareceu-me ver em cima de um velho tonel de vinho uma
sombra negra. Como a luz era pouca, tive de forçar a vista para me dar conta de
que era um gato, um lindo gato preto, em tudo parecido com o Plutão, menos numa
coisa: tinha uma mancha branca no peito.
O gato não tinha dono e quando saí da taberna me
seguiu e não se separou de mim até eu chegar à minha nova casa. No mesmo
instante, fez-se amigo ad minha mulher e sentiu-se bem conosco, de modo que
decidimos ficar com ele. A alegria durou pouco. Na manhã seguinte, descobri que
o gato não tinha um olho, exatamente o mesmo do Plutão. Ver aquilo me
desagradou tanto que nunca mais olhei para ele com simpatia.
Na verdade, em muito pouco tempo eu odiava muito mais
que ao Plutão. Meu humor piorava a cada dia, quem mais sofria com isso era
minha pobre esposa. Tinha de agüentar meu mau gênio, e a cada dia que passava
eu era mais desagradável com ela, principalmente quando protegia o gato mais
que o normal, talvez por se lembrar do que havia acontecido com Plutão.
Foi ela a primeira a notar que a mancha branca que o
gato tinha no peito havia mudado. A nuvem comprida de pelo branco havia se
transformado numa mancha de forma reconhecível e concreta: uma forca. Ainda
tentei me convencer de que não passava de imaginação nossa, mas a partir desse
momento, quando o gato se plantava diante de mim, me parecia um monstro.
Uma tarde, o gato passou entre as minhas pernas de tal
maneira que quase me derrubou. Irritei-me tanto com aquilo, que agarrei um
machado com a intenção de matá-lo. Minha mulher agarrou meu braço com todas as
suas forças, impedindo-me de levar meu intento a cabo. Não consegui me dominar
e, num abrir e fechar de olhos, pulei como uma fera sobre a minha esposa. Com
todo o meu ímpeto, abri sua cabeça com uma machadada.
Quando me dei conta de que a tinha matado, decidi
rápida e friamente que tinha de esconder o corpo, senão ia parar na cadeia.
Pensei em mil maneiras de ocultá-lo e por fim concluí que o melhor seria
escondê-lo na minha própria casa.
Ocorreu-me uma ideia, que me pareceu brilhante:
esconder o corpo atrás de uma parede, emparedá-lo. Estava angustiado, mas não
havia tempo a perder. Depois de bater com um pedaço de pau em todas as paredes
do porão, notei que uma delas produzia um ruído oco. Tirei o gesso, até
descobrir que os tijolos tinham a forma de uma velha lareira.
No dia seguinte, introduzi na lareira o corpo da minha
amada esposa, tapei o buraco com tijolo e revesti novamente a parede de gesso.
Terminado o trabalho, procurei o gato por todos os cantos da casa, mas não o
achei. Tinha sumido. Seu desaparecimento produziu em mim uma paz que eu não
conhecia havia muitos anos. Quase no mesmo instante reencontrei a felicidade, o
sono profundo e o prazer de estar em casa.
Dias mais tarde
a polícia começou a investigar o sumiço da minha mulher. Na terceira ou quarta
vez que vieram em casa, disseram que queriam inspecionar o porão. Desci com
eles, que revistaram tudo. Estavam a ponto de ir embora, quando eu, movido por
uma alegria transbordante, não consegui evitar de fazer um breve discurso do
despedida:
“Senhores, sinto-me encantado por ter desfeito suas
suspeitas. A propósito, esta é uma casa bem construída... Vejam que paredes
sólidas tem este porão para sustentar os andares!”
Por vaidade, comecei a bater com minha bengala justo
na parede onde estava minha mulher, para demonstrar a solidez das paredes.
Quando a bengala golpeou-a, um leve ruído saiu lá de dentro. Primeiro ouviu-se
algo parecido com o choro de uma criança, mas rapidamente ficou mais alto até se
transformar num grito inumano, aterrorizante. Minhas pernas tremeram, fiquei
sem respirar, o medo me paralisou. Meus olhos arregalados refletiam meu
espanto. Quase não me agüentei de pé.
Os policiais reagiram com rapidez, puseram-se a
procurar atrás da parede. Tiraram o gesso, chegaram aos tijolos e, ao
retirá-los, apareceu o cadáver já decomposto de minha mulher. Para surpresa de
todos, vimos sobre sua cabeça o gato preto, mais vivo do que nunca. Sua boca
estava bem aberta, mostrando seus dentes ameaçadores, e seu único olho parecia
cuspir fogo. Era a própria imagem do demônio! Era a fera que tinha me levado a
cometer um assassinato e a voz que me havia denunciado. Sem perceber, eu havia
emparedado o gato com a minha mulher!
EDGAR
ALLAN POE. In: Grande livro do medo.
Adaptação: Xavier Valls. Tradução: Eduardo Brandão. São Paulo: Girafinha, 2006.
Interpretação
do texto
1) A história é narrada em primeira ou terceira
pessoa?
2) Quais eram as características do protagonista no
início da história e como era o relacionamento com a sua esposa?
3) No decorrer da história, acontece uma mudança na
vida do protagonista. Que mudança foi essa e o que a provocou?
4) Num momento
de irritação o narrador fura olho do seu gato. O que o leva, posteriormente, a
enforcar Plutão no jardim?
5) Após ter
assassinado o gato, a casa do protagonista pega fogo, mas a parede de seu
quarto fica em pé. O que é encontrado nessa parede? Qual seria a possível
relação entre esses acontecimentos?
6) O protagonista acaba encontrando um outro gato de
estimação. Por que ele passa a ver esse gato como um monstro?
7) O que leva o protagonista a assassinar sua mulher,
como ele o faz e que fim ele dá para o corpo dela?
8) Como a polícia descobriu o lugar onde estava o
corpo da mulher?
9) Você acredita na lenda que diz que gatos pretos são
na verdade bruxas disfarçadas? O conto condiz com a lenda? Explique.
10) Atividade de pós-leitura:
* Escolha uma das superstições da “caixa misteriosa” e
produza uma narrativa sobre ela.
ANEXOS
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