Observe o seguinte
excerto da obra Quatro Negros, de Luís Augusto Fischer.
Jorge Luis Borges [...] disse que era inútil
tentar encontrar as origens étnicas do gaúcho, o tipo social chamado de gaúcho,
que se definia melhor por seu destino do que por sua origem. Ele podia provir
de brancos, de negros, de índios, e essa informação não chegava para defini-lo.
O certo é que ele tinha um fim marcado: ia morrer numa guerra.
A
gente de Janéti era [...] Pobre, negra, gaúcha [...].
(FISCHER, Luís Augusto. Quatro Negros. Porto Alegre: L&PM,
2008)
Tendo como base o excerto acima e a obra de
Luís Augusto Fischer, escreva um artigo de opinião a respeito das “guerras” que
o ser humano luta todos os dias, argumentando o que significa ser pobre, negro
e gaúcho.
Agora leia os artigos de opinião produzidos pela turma 205 a partir dessa proposta para produção textual.
A sobrevivência do preoconceito
Aline
Bizano
No Rio grande do Sul, todos os dias, a cada minuto,
milhares de gaúchos negros sofrem com o preconceito racial e isso já vem de
muito tempo atrás.
Ao longo do tempo, os negros conquistaram seus direitos.
Hoje, é crime o preconceito racial, mas para conquistar esses direitos eles
lutaram e sofreram. Isso começou no tempo da escravidão quando os negros eram
trazidos para trabalhar nas charqueadas e influenciou, e muito, o que vivemos
atualmente, o que nossa sociedade é.
No tempo da escravidão, os negros eram torturados e
obrigados a trabalhar, não eram tratados como pessoas, seres humanos, e sim
como animais.
No Rio grande do Sul, o negro passa despercebido. São
poucos os que conseguem notoriedade no mercado de trabalho, por exemplo,
empresas que dão preferência a pessoas brancas, mesmo que isso seja proibido
por lei. A maioria da população de etnia negra é pobre algo que vem do passado
na qual a sociedade era dominada por brancos.
Ainda que o preconceito racial seja crime, incrivelmente
algumas pessoas ignorantes discriminam os negros. O preconceito racial ainda sobrevive.
Somente com educação e conscientização isso, um dia, poderá chegar ao fim.
O diferente é essencial
Leonardo Dal Piva
Todos nós somos diferentes e sempre haverá algo que
irá nos diferir dos outros.
Antigamente, o preconceito era geral, algo que está
enraizado no ser humano que não para de evoluir em diversos eixos, mas não
deixa de lado o pensamento preconceituoso.
Pobre, negro e gaúcho são palavras fortes, uma
pessoa ser classificada como pobre é dizer que ela não tem um grande poder
aquisitivo e nem condições aceitáveis de moradia e sobrevivência. O preconceito
contra os negros está de certa forma enraizada na raça branca, por motivos tão
complexos como o preconceito contra gaúchos. Antigamente, quem tinha um poder
aquisitivo maior mandava seus filhos estudarem na Europa. Quando retornavam
para o Brasil, vinham com vestimentas e com comportamentos típicos de lá, que
na cultura brasileira é atribuída para homossexuais, e para os olhos dos outros
estados brasileiros nós gaúchos “somos” todos homossexuais. Em uma sociedade
preconceituosa que não aceita o novo, nascer no Rio Grande do Sul, ser pobre e
negro é ter a certeza que sofrerá preconceito ao longo de sua vida, pois, somos
julgados muitas vezes por escolhas e pela aparência quando deveria ser pela
pessoa que somos. O preconceito, de certa forma, é uma arma letal.
Guerras do dia a dia
Amanda dos Reis.
São muitas as guerras que o ser
humano tinha e ainda tem que enfrentar. Sejam guerras contra preconceitos ou
guerras contra a sua questão financeira, sua condição de vida.
Antigamente, todas essas ‘’guerras’’
eram mais frequentes, mais fortes, pois quem era rico, proprietário de grandes
terras, de gados, não precisava passar por necessidades que a falta de dinheiro
traz, o que logo lembra a fome. Essa é apenas uma das grandes dificuldades que
não só havia antigamente como também em muitos lugares do mundo ainda há.
Dificuldades não estão somente
ligadas ao dinheiro, mas muitas vezes à cor, à origem e ao físico da pessoa.
Podemos dizer que há muito menos dificuldades para pessoas brancas do que para
pessoas negras. Quantas vezes uma pessoa, por ser negra, pobre ou simples,
acaba sendo subestimada pela sua aparência sem ter a chance de mostrar tamanha
capacidade que possui.
Nós ainda temos aquela imagem de que
se é negro, é pobre, pelo contexto histórico, onde os negros eram escravos,
muito pobres, com famílias grandes, onde filhos tinham que ser doados por não
ter condição de alimentar mais um filho. Não podemos dizer que essas
dificuldades não acabaram, mas hoje me dia existem muito mais recursos para
essas situações.
Pobre
Negro e Gaúcho
Úillis
Rafael
Sempre
que ouço falar em povo guerreiro e trabalhador, logo me lembro de pessoas
pobres. As pessoas que possuem riqueza e poder também têm seus problemas, mas
quem é pobre, quem não tem tudo o que quer, esse sim sofre de verdade.
Quando
tento imaginar o mundo antigamente, imagino um mundo mais tranquilo apesar de
haver muitas guerras e a questão do desrespeito estar mais presente
(principalmente com os negros), pois vejo um mundo sem tanta correria e
desorganização.
Tudo
que acontece é gerado por nossas ações. Se haviam muitas guerras, era porque o
ser humano as queria. Se o mundo, hoje, é a bagunça que vemos, é porque nós não
soubemos organizá-lo.
Dificilmente
você verá um sul-rio-grandense que não toma chimarrão e não faz um churrasco.
Além disso, ser gaúcho é participar do processo onde o pobre não tem o que
quer, desse processo infelizmente nem um gaúcho escapa.
Infelizmente, as guerras e o
preconceito racial também estão presentes na vida do gaúcho, na vida do pobre.
O
que é ser pobre, negro e gaúcho?
Leonardo
André Brixner
Todo
dia, dia após dia, a gente acorda com o pensamento de que tem que seguir em
frente, trabalhando, estudando, “lutando para sobreviver”. Os pobres têm que
“batalhar em guerras diariamente”, pois além de ser excluído socialmente em
algumas ocasiões, são alvos de preconceito, ainda mais se for negro. Eles
sonham em ter comida na mesa todos os dias, roupas para usar no inverno, um
lugarzinho para chamar de “seu”.
Então
nascer pobre, negro, é “duro”, pois, com certeza, na vida haverá mais portas
fechadas do que abertas. Mas em um mundo como de hoje, com tantas
possibilidades, é possível ter um modo de vida melhor. Ser pobre, negro, não é
o fim do mundo. O fim do mundo é não fazer nada para melhorar sua qualidade de
vida.
Quanto
ao gaúcho, não é só por que nasceu no Rio Grande do Sul que é gaúcho, não é só
porque usa bombacha e chapéu, com lenço no pescoço e botas. Ser gaúcho é honrar
seu estado, ter orgulho de sua cultura e ser uma boa pessoa perante a
sociedade.
O declínio da sociedade
Vanessa Santos
O trecho em si trata do
preconceito de várias maneiras, enfatizando os preconceitos com raça, cor,
região, onde mora, etnia. Todos estes fatores contribuem para uma sociedade
problemática. Claro que o preconceito acontece por vários outros motivos, mas
no livro estes são os que mais aparecem. A verdadeira guerra não é com armas de
fogo, e sim a guerra entre classes, cores, ideias.
A nossa sociedade está
decaída desde os tempos da escravidão, onde o negro sofria várias agressões na
condição de escravo e o preconceito vem surgindo desde então. Hoje, o
preconceito não é só pela sua cor, o preconceito age de várias outras maneiras,
existe preconceito com raça, condição social, aparência física, sexo, condição
mental. O preconceito hoje se tornou um assunto polêmico e que vem sendo
abordado cada vez mais. Acredito que haja um conflito de pensamentos, e esta
situação só vem se agravando.
Ser pobre e negro gera uma
discussão, de modo que para muitos, ser pobre e negro significa exclusão. Muita
gente não suporta a ideia de ficar perto de pessoas de cor e classe social
diferentes e isso é preconceito. Ser gaúcho; essa palavra contém um peso e nem
eu sei o porquê disso. Ser gaúcho para mim é orgulho, mas tem gente que não
gosta. O preconceito degrada as pessoas que o manifestam, e no livro, Janéti,
além de pobre e negra, é gaúcha, e isso para o autor, é um peso.
A sociedade, ou a maioria dela,
será sempre preconceituosa, não importando o motivo, a circunstância. Pode
haver inúmeros movimentos contra o preconceito, mas se os pensamentos não mudarem,
não valerá de nada.
Concluo então que, o
preconceito está acabando com a sociedade e ele vem acontecendo desde a escravidão.
Dando um tom irônico a situação, diria que a sociedade precisaria de uma lavagem
cerebral para que os pensamentos se tornassem mais humanos e menos
preconceituosos. Acho o cúmulo as pessoas serem julgadas pela cor, pelo sexo, e
muito menos serem excluídas por estes motivos. Pobres, negros, brancos, ricos, gordos,
magros, merecem respeito e valor como todos humanos que somos sem
discriminação.
“Enquanto
a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra” (Bob
Marley).
Guerras de um preconceito
Nara R. Cardoso.
Neste mundo existem vários tipos de preconceito, mas um em
particular tem chamado a atenção. O que é ser negro, pobre e gaúcho?
O mundo hoje é assim, muito preconceituoso. Pessoas que
matam um leão por dia, para poder superar tudo o que acontece no seu dia a dia.
Seja na escola, no trabalho, na rua, em seu convívio social.
O negro sente uma discriminação maior, por sua cor, religião,
música e por sua descendência escrava. Os negros sofriam num tempo passado onde
as coisas eram difíceis, sem leis e governados por senhores de enormes
fazendas, tratados como animais.
Naquele tempo, esses negros, pobres e miseráveis, traçavam
consigo mesmo, uma guerra de sentimentos tristes e doloridos, que por muitos
anos, se arrastavam na sociedade.
Quando receberam a tão sonhada liberdade, esses negros
tiveram que lutar contra outro preconceito: estar num mundo de posses, no qual
ter terras e cabeças de gado faziam a diferença. Eles se viam ali, sem terras,
sem casa, tendo que sobreviver e criar seus filhos, em meio a tantas
dificuldades.
Hoje, o negro sofre por ser de cor diferente, pobre e
gaúcho, pela dificuldade de encontrar emprego, por estar no meio de tantos
gaúchos, de pele e olhos claros. Isto para alguns torna-se um incomodo.
O negro sempre foi forte, mas quase nunca encontrou seu
espaço. Seja num cargo privilegiado, ou nos empregos mais simples. Essas
pessoas sempre tiveram uma vida difícil, com restrições e limitações.
Mesmo indivíduos que
se encontram sentados à porta da casa mais simples, no interior, ouvindo seu
rádio a pilha, organizam as informações que chegam por meio dos noticiários,
sem acesso à informatização são facilmente manipulados pela sociedade mais
instruída. Até mesmo uma pequena menina,
que com coração amoroso une sua família e a traz para a cidade grande para um
recomeço. Negros de ontem, hoje e sempre, serão pressionados por uma sociedade
preconceituosa. Pois trazem nas costas a dor e a tristeza, de uma bagagem sem
fim, traçada pela vinda dos primeiros negros escravos que chegaram ao nosso
país. Se, hoje, nós da sociedade não pararmos para refletir e deixar de comparar
o negro de hoje pelo que ele passou, essa guerra de sofrimento jamais terá fim.
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