Data:
28/08
Carga
horária: 2h/aula
Conteúdo:
Obra Reinações de Narizinho/ Leitura e confecção de personagens
Objetivos:
-
Conhecer parte da obra Reinações de Narizinho por meio de leitura expressiva
feita pelas professoras a fim de despertar o interesse por conhecer a obra
completa;
-
Desenvolver habilidades manuais por meio de confecção de personagens da obra
Reinações de Narizinho a fim de estimular a criatividade.
Metodologia
·
Motivação: Levar para a aula a boneca
Emília e expor para os alunos, gerando curiosidade neles. A partir disso,
questionar a turma sobre a personagem; características e demais conhecimentos
prévios que tenham sobre ela. Após, apresentar a música Emília, a boneca gente, de Baby Consuelo. https://www.youtube.com/watch?v=vYcHA-1kT94
·
Pré-leitura: Explicar à turma a
importância da obra Reinações de Narizinho, enfatizando a personagem Emília,
uma das maiores criações de Monteiro Lobato. Mostrar aos alunos algumas edições
da obra, permitindo que eles tenham contato com os livros físicos.
·
Leitura e descoberta: As professoras farão
a leitura expressiva de parte do capítulo
O Marquês de Rabicó, da obra Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
REINAÇÕES DE NARIZINHO – O
MARQUÊS DE RABICÓ (O casamento da Emília)
Narizinho estava no seu quarto
conversando com a boneca.
— Senhora
condessa, acho que é tempo de mudar de vida. Precisa casar, se não acaba
ficando tia. Amanhã vem cá um distinto cavalheiro pedir a mão de Vossa
Excelência.
Emília
andava bem de saúde, gorda e corada. Tia Nastácia havia enchido de macela nova
a perninha que fora saqueada no passeio ao reino das Abelhas e Narizinho havia
consertado uma das suas sobrancelhas de retrós, que estava desfiando. Além
disso, pintara-lhe nas faces duas rodelas de carmim, bem redondinhas.
Emília
não se mostrava disposta a casar. Dizia sempre que não tinha gênio para aturar
marido, além de que não via lá pelo sítio ninguém que a merecesse.
— Como
não? — protestou a menina. E Rabicó? Não acha que é um bom partido?
A boneca
ficou indignada e declarou que jamais se casaria com um poltrão como aquele. O
fiasco feito na viagem à terra das Abelhas não era coisa que merecesse perdão.
A menina
riu-se e explicou:
— Você
está enganada, Emília. Ele é porco e poltrão só por enquanto. Estive sabendo
que Rabicó é príncipe dos legítimos, que uma fada má virou em porco e porco
ficará até que ache um anel mágico escondido na barriga de certa minhoca. Por
isso é que Rabicó vive fossando a terra atrás de minhocas.
Emília
ficou pensativa. Ser princesa era o seu sonho dourado e se para ser princesa
fosse preciso casar-se com o fogão ou a lata de lixo, ela o faria sem vacilar
um momento.
— Mas
você tem certeza, Narizinho?
— Tenho
certeza absoluta! Quem me revelou toda essa história foi justamente o pai de
Rabicó, o senhor Visconde de Sabugosa, um fidalgo muito distinto que vem fazer
o pedido de casamento.
—
Visconde? — repetiu Emília, desconfiada. — Então o pai desse príncipe é
Visconde só? Eu quero casar com príncipe filho de rei.
— Você é
uma bobinha que não sabe nada. O Visconde finge de Visconde, mas na realidade é
rei e muito bom rei de um reino lá atrás do morro. Quando ele vier, repare na
cabeça dele e veja que tem um sinal de coroa em redor da testa. Para esconder
esse sinal ele usa cartola, que não tira nunca, nem na igreja. Desse modo, como
ninguém vê o sinal da coroa, ninguém desconfia.
Emília
pensou, pensou, pensou e disse:
— Pois
bem, aceito! Mas desde já vou dizendo que não saio daqui. Caso-me, mas não vou
morar com Rabicó enquanto ele não virar príncipe novamente.
— Muito
bem! — concluiu Narizinho. — Nesse caso, vá preparar-se para receber o
Visconde, que não deve tardar. Ele já está a caminho. Vista aquele vestido de
pintas vermelhas e ponha mais ruge na cara, ouviu?
Enquanto
a boneca se vestia, a menina correu ao pomar em procura de Pedrinho, que estava
ocupado em chupar laranjas-lima.
—
Depressa, Pedrinho! Arranje-me um bom Visconde de sabugo, bem respeitável, de
cartola na cabeça e um sinal de coroa na testa, e venha com ele pedir Emília em
casamento. Enganei-a que Rabicó é filho desse Visconde, o qual é um grande rei
de um reino lá atrás do morro. Os dois, pai e filho, foram encantados por uma
fada, só devendo se desencantarem no dia em que Rabicó descobrir uma certa
minhoca com um certo anel mágico na barriga.
— E a
boba acreditou?
—
Acreditou piamente e declarou que nesse caso aceitará Rabicó como esposo,
embora não vá morar com ele enquanto não virar príncipe novamente.
Pedrinho
fez como Lúcia pediu. Arranjou um bom sabugo, ainda com umas palhinhas no
pescoço que fingiam muito bem de barba, botou-lhe braços e pernas, fez cara com
nariz, boca, olhos e tudo – e não esqueceu de marcar-lhe a testa com um sinal
de coroa de rei.
Depois
enterrou-lhe na cabeça uma cartolinha e lá foi com ele à casa da boneca.
— Toc,
toc, toc, bateu.
— Quem é?
— indagou de dentro a voz da menina.
— É o
ilustre senhor Visconde de Sabugosa que vem fazer uma visita à senhora condessa
de Três Estrelinhas e pedi-la em casamento para o seu ilustre filho, o senhor
marquês de Rabicó.
— Esperem
um minutinho que já abro — respondeu a menina.
E
voltando-se para a boneca:
— Vê,
Emília? Além de príncipe ele ainda é marquês. De modo que se você casar-se com
ele começa já a ser marquesa e um dia virará princesa. Não pode haver futuro
mais bonito para uma coitadinha que nasceu na roça e nem em escola esteve. Você
vai ser a Gata Borralheira das bonecas!…
Emília
deu três pulinhos de alegria e foi correndo botar mais um pouco de pó de arroz.
Enquanto isso o Visconde entrou.
Narizinho
fez-lhe uma respeitosa reverência e respondeu, sem dar a entender que estava
falando com um rei disfarçado:
— Muito
prazer, senhor Visconde! Puxe uma cadeira e sente-se no chão. Creia que fico
muito satisfeita de saber que seu filho é marquês. E como vai a senhora
Viscondessa?
— Sou
viúvo — respondeu o Visconde, suspirando profundamente.
— Meus
pêsames! E a senhora sua mãe, dona Palha de Milho?
O
Visconde suspirou de novo.
—
Coitada! Faleceu num horrível desastre…
— Como?
Conte-nos isso — exclamou Narizinho, fingindo grande aflição.
— Pois é.
Foi comida pela vaca mocha — explicou o Visconde, enxugando nas palhinhas de
milho do pescoço duas lágrimas, uma de cada olho.
— A
pobre! — murmurou a menina muito triste. — Eu sinto bastante, Visconde, mas o
mundo é isto mesmo. Um come o outro. A vaca mocha come as donas Palhas e a
gente come as vacas. A vida é um come-come danado! Estou aqui apostando que
também os seus filhos foram comidos pelas senhoras galinhas…
O
Visconde arregalou os olhos como se não soubesse que tinha mais filhos além do
marquês.
— Sim —
explicou Narizinho. — Os grãos de milho que Vossa Excelência já teve pregados
pelo corpo, creio que podem ser chamados seus filhos.
— Ah,
sim, é verdade! Foram comidos pelo galo índio há duas semanas.
Nisto
Emília apareceu à porta, no seu vestidinho de chita com pintas vermelhas.
— Senhor
Visconde — disse a menina — tenho o prazer de lhe apresentar a sua futura nora,
a senhora condessa de Três Estrelinhas. Veja como é galante!…
O
Visconde levantou-se para saudar a boneca e por “distração” tirou a cartola,
deixando que Emília visse o sinal de coroa em sua testa.
— Tenho a
mais subida honra de receber no seio de minha família esta nobre condessa —
disse ele. — Pelo que vejo é a mais linda criatura destes arredores! Acho-a
ainda mais bonita que a franguinha pedrês de tia Nastácia…
Emília
fez uma cortesia para agradecer a amabilidade, embora torcesse o nariz àquela
comparação com a franguinha pedrês.
— E não é
só isso — interveio Narizinho. — Bonita e prestimosa como não há outra! Sabe
fazer tudo. Cozinha na perfeição, lava roupa e lê nos livros que nem uma
professora. Emília é o que se chama uma danada.
— Muito
bem! Muito bem! — ia exclamando o Visconde.
— Também
toca lindas músicas na vitrola, mia como gato, arrebenta pipocas e tem muito
jeito para modista. Esse vestidinho de pintas, por exemplo, foi todo feito por
ela.
Emília,
que ainda não sabia mentir, interrompeu-a, dizendo:
— Não fui
eu, foi tia Nastácia quem o fez. A menina deu-lhe um beliscão sem que o
Visconde percebesse.
— Não
repare, Visconde. Emília é muito modesta. Faz as coisas mas não quer que se
diga. Esse vestido ela o fez sozinha, sozinha. Ela mesma escolheu a fazenda,
ela mesma cortou e coseu. E olhe como ficou bem assentado nas costas.
Levante-se, Emília, e vire-se de costas para o Visconde ver.
Emília
levantou-se da cadeira e deu umas voltas pela sala.
— Não
está dos mais elegantes mas serve – continuou Narizinho. — Emília nasceu aqui
na roça e nunca foi à cidade, nem aprendeu costura. Para uma criatura nessas
condições não acha que está bem feitinho?
O
Visconde olhou, olhou e disse:
— Eu, a
falar a verdade, não entendo de modas. Mas acho muito bom. Só que a saia me
parece um tanto curta…
— Eu
também acho e já o disse a ela; mas Emília como tem perna grossa, anda com
mania de mostrá-la. Só usou saia comprida durante o tempo da perna seca — e
contou ao Visconde o caso do ouro-macela. Depois, mudando de assunto, pediu
informações a respeito do gênio de Rabicó.
— Ele tem
muito bom gênio — disse o Visconde. — Não é briguento, nem provocador. Possui
belas qualidades. Quanto ao mais, gosta muito de dormir ao sol e fossar a terra
para descobrir minhocas.
Nesse
ponto a menina piscou para a boneca, querendo referir-se à história de certo
anel que ele andava procurando dentro de certa minhoca, e Emília convenceu-se
de que Rabicó era mesmo um príncipe encantado.
— O único
defeito que tem — continuou o Visconde — é comer tudo quanto encontra. Rabicó
não respeita coisa nenhuma!
Emília
fez carinha de nojo e foi cuspir à janela. Depois, metendo-se na conversa,
disse:
— Pois se
se casar comigo só há de comer coisas gostosas e cheirosas. Não consinto que
meu marido ande comendo o que encontra.
—
Apoiadíssimo, Emília! — exclamou a menina. — Também penso desse modo e acho que
você faz muito bem de exigir isso dele. Mas agora só resta saber se você
aceitou ou não aceita o senhor marquês de Rabicó como esposo. Vamos lá.
Resolva…
Emília ficou
meio aflitinha de ter de decidir por si mesma uma questão de tal gravidade como
essa de escolher um esposo e olhou Narizinho interrogativamente, como quem pede
auxílio. Mas a menina não quis intervir, porque não desejava ficar com a
responsabilidade.
— Não
devo dar opinião, Emília. Você tem que decidir por si mesma. Casamento não é
brincadeira.
A boneca
pensou, pensou, pensou e afinal, tentada pela idéia de começar marquesa e um
dia virar princesa, resolveu-se.
— Pois
quero!
Narizinho
bateu palmas.
— Bravos!
Está tudo resolvido. Senhor Visconde, abrace a sua nora, a futura marquesa de
Rabicó…
O
Visconde ergueu-se bastante comovido. Abraçou a boneca e deu-lhe um beijo na
face.
Emília,
muito vermelhinha, foi correndo para o quarto.
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Durou uma semana o noivado de
Emília. Todas as tardes, trazido à força por Pedrinho, aparecia o marquês de
Rabicó para visitar a noiva, e tinha de ficar meia hora na sala, contando casos
e dizendo palavras de amor.
Mas
apesar de noivo Rabicó não perdia os seus instintos. Logo que entrava punha-se
a farejar a sala, na sua eterna preocupação de descobrir coisas de comer. Além
disso não prestava a menor atenção à conversa. Não havia nascido para aquelas
cerimônias.
Uma tarde
Pedrinho zangou-se e resolveu substituí-lo por um representante.
— Rabicó
não vale a pena — disse ele aborrecido. — Não sabe brincar, não se comporta. O
melhor é isto, querem ver? e saiu. Foi ao quintal e trouxe um vidro vazio de
óleo de rícino que andava jogado por lá. — Está aqui. De agora em diante o
noivo será representado por este vidro azul — e o tal marquês de Rabicó vai
passear — concluiu pregando um pontapé no noivo.
Rabicó
raspou-se gemendo três coins, e desde esse dia, enquanto fossava a terra no
pomar atrás da tal minhoca de anel na barriga, quem noivava por ele, de cartola
na cabeça, era o senhor Vidro Azul.
Emília
comportava-se muito bem embora de vez em quando viesse com impertinências.
— Eu já
disse a Narizinho: caso, mas com uma condição!
— Eu sei
qual é! — adivinhou o senhor Vidro Azul. — Não quer morar na casa do marquês,
com certeza porque não se dá bem com o futuro sogro, o Visconde.
— Isso
não! Até gosto muito do senhor Visconde. O que não quero é sair daqui. Estou
muito acostumada.
O senhor
Vidro Azul coçou o gargalo.
— Sim,
mas…
— Não tem
mas, nem meio mas! Quem manda neste casamento sou eu. O marquês fica por lá e
eu fico por cá — declarou Emília, toda espevitadinha e de nariz torcido.
O representante
do noivo suspirou.
— Que
pena! O senhor marquês já mandou construir um castelo tão bonito, de ouro e
marfim, com um grande lago na frente…
Emília
deu uma risada.
— Eu
conheço os lagos do marquês! São como aquele célebre lago azul que prometeu à
Libelinha lá no reino das Abelhas.
O senhor
Vidro Azul atrapalhou-se. Viu que Emília não era nada tola e não se deixava
enganar facilmente. Procurou remendar.
— Sim, um
lago. Não digo um grande lago, mas um pequeno lago, um tanque…
— Uma
lata d’água, diga logo — completou Emília mordendo os beiços.
Narizinho
interveio, repreensiva.
— Você
está aqui para noivar, Emília, para dizer coisas bonitas e amáveis, e não para
brigar com o representante do marquês. Veja lá, hein?
E
dirigindo-se ao representante:
— O
senhor marquês não escreveu ainda uns versos para a sua amada noivinha?
—
Escreveu, sim — respondeu o Vidro Azul, metendo a mão no gargalo e sacando um
papelzinho. — Aqui estão eles. E recitou:
Pirulito que bate bate,
Pirulito que já bateu,
Quem adora o marquês é ela,
Quem adora Emília sou eu.
— Bravos!
— exclamou Narizinho batendo palmas. — São lindos esses versos! O marquês é um
grande poeta!…
Emilia,
porém, torceu o nariz e até ficou meio danadinha.
— O verso
está todo errado! Vou casar-me com ele mas não “adoro” coisa nenhuma. Tinha
graça eu “adorar” um leitão!
Narizinho
bateu o pé e franziu a testa.
— Emília,
tenha modos! Não é assim que se trata um poeta. Você vai ser marquesa, vai
viver em salões e precisa saber fingir, ouviu?
Depois,
voltando-se para o representante:
—
Peço-lhe mil desculpas, senhor Vidro Azul! Emília tem a mania de ser franca.
Nunca viveu em sociedade e ainda não sabe mentir. Não é aqui como o nosso
Visconde de Sabugosa, que fala, fala e ninguém sabe nunca o que ele realmente está
pensando, não é, Visconde?
O
Visconde fez um gesto que tanto podia ser sim como não.
Desse
modo conversavam todas as noites, longo tempo, até que vinha o chá. Chá de
mentira, com torradas de mentira. Depois do chá, o Visconde e o representante
se despediam e Narizinho acompanhava-os até à porta, onde dizia:
— Não
tenha medo, senhor Vidro Azul. Pode dar um beijinho nela por conta do marquês.
O
representante beijava Emília na testa e retirava-se em companhia do Visconde…
Passada
uma semana, a menina queixou-se a dona Benta:
— Este
noivado está me acabando com a vida, vovó. Todas as noites tenho de fazer sala
para os noivos. Como isto cansa!…
— Mas que
é que está faltando para o casamento, menina?
— Os
doces, vovó…
— Já sei.
Já sei. Pois tome lá estes níqueis e mande vir os doces.
Como era
justamente aquilo que Narizinho queria, lá se foi aos pinotes, com os níqueis
cantando na mão.
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Chegou afinal o grande dia e
vieram os grandes doces: seis cocadas, seis pés-de-moleque e uma rapadura, doce
mais que suficiente para uma festa em que quase todos os convivas iam comer de
mentira.
Pedrinho
armou a mesa da festa debaixo de uma laranjeira do pomar e botou em redor todos
os convivas. Lá estavam dona Benta, tia Nastácia e vários conhecidos e
parentes, todos representados por pedras, tijolos e pedaços de pau. O inspetor
de quarteirão, um velho amigo de dona Benta que às vezes aparecia pelo sítio,
era figurado por um toco de pau com uma dentadura de casca de laranja na boca.
Chegou a
hora. Vieram vindo os noivos. Emília, de vestido branco e véu; Rabicó, de
cartola e faixa de seda em torno do pescoço.
Vinha
muito sério, mas assim que se aproximou da mesa e sentiu o cheiro das cocadas,
ficou de água na boca, assanhadíssimo. Não viu mais nada.
Logo
depois veio o padre e casou-os. Narizinho abraçou Emília e chorou uma lágrima
de verdade, dando-lhe muitos conselhos.
Depois,
como a boneca não tivesse dedos, enfiou-lhe no braço um anelzinho seu. Pedrinho
fez o mesmo com o marquês: enfiou-lhe no braço uma aliança de casca de laranja,
que Rabicó por duas vezes tentou comer.
— Ao
menos no dia de hoje comporte-se! — disse o menino, ameaçando-o.
Os outros
animais do sítio, as cabras, as galinhas e os porcos, também assistiram à
festa, mas de longe. Olhavam, olhavam, sem compreenderem coisa nenhuma.
Terminada
a festa, Narizinho disse:
— E
agora, Pedrinho?
— Agora —
respondeu ele — só falta a viagem de núpcias.
Mas a
menina estava cansada e não concordou. Propôs outra coisa. Puseram-se a
discutir e esqueceram de tomar conta da mesa de doces. Rabicó aproveitou a
ocasião. Foi se chegando para perto das cocadas e de repente – nhoc, deu um
bote na mais bonita.
— Acuda
os doces, Pedrinho! — berrou a menina. Pedrinho virou-se e, vendo a feia ação
do pirata, correu para cima dele, furioso.
Agarrou o
inspetor de quarteirão e arrumou uma valente inspetorada no lombo do porquinho.
—
Cachorro! Ladrão! Marquês duma figa!… Rabicó deu um berro espremido e disparou
pelo campo, mas sem largar a cocada.
Foi um
desastre. A festa desorganizou-se e Emília chorou e esperneou de raiva.
-É isso!
Eu bem não estava querendo casar com Rabicó! É um tipo muito ordinário, que não
sabe respeitar uma esposa.
Narizinho
interveio e consolou-a.
— Isto
não quer dizer nada. Rabicó é meio ordinário, não nego, mas com o tempo irá
criando juízo e ainda acabará um excelente esposo. Depois, é preciso não
esquecer que qualquer dia ele vira príncipe e faz você princesa.
Mas
Pedrinho, que estava danado com a feia ação de Rabicó, estragou tudo, dizendo:
—
Príncipe nada, Emília! Narizinho bobeou você. Rabicó nunca foi nem será
príncipe. É porco e dos mais porcalhões, fique sabendo.
Ao ouvir
aquilo, Emília caiu para trás, desmaiada…
·
Pós-leitura: Dividir a turma em trios e
sortear entre eles oito personagens da obra Reinações de Narizinho: Emília,
Narizinho, Pedrinho, Dona Benta, Tia Nastácia, Rabicó, Visconde de Sabugosa e
Saci. Cada trio terá que confeccionar o personagem sorteado ao seu grupo e
escrever o que sabe sobre ele. Ao final, cada grupo receberá das professoras um
pequeno texto com as características desse personagem, a fim de verificar se
está de acordo com aquilo que escreveu. Após isso, os grupos apresentarão seus
personagens à turma.